Esse tema sempre me
fascinou. Gosto muito de procurar entender o meu interior. Nessa caminhada
sempre chego a conclusões maravilhosas. Quando li o artigo abaixo, fiquei
encantado. Apressei-me em repassar para os amigos. Foi publicado no Jornal O
Povo de hoje, dia 20/10/2013, na página 28, muito bem escrito por Edilson Santana,
Promotor de Justiça. Curta bem. Servirá de uma bela reflexão.
Inspirando-se
em Platão, no livro dois de A República, conta-se que Herbert pôs o anel de
Giges no dedo e foi imediatamente surpreendido pelo que viu: nada. Tornou-se
invisível. Tendo acostumado-se a ocultabilidade, começou a questionar o que
deveria fazer. Logo veio a ideia de entrar em vestiários de mulheres, cometer
pequenos furtos, desatinos, induzir pessoas ao erro e à infelicidade. Porém,
pretendia resistir a tais impulsos, tentando imaginar o que faria de bom. No
entanto, era mais tentador praticar o mal. Nesse estado, perguntava-se quanto
tempo conseguiria resistir a tirar vantagens de sua invisibilidade. A qualquer
momento poderia falhar. Um instante de fraqueza e lá estaria ele praticando
atos imorais, espiando mulheres peladas, roubando etc. Quem, no caso dele,
teria forças para resistir?
Aduz a história que a moral é
constituída de proibições feitas a si mesmo, independentemente de qualquer
recompensa ou sanção. Com efeito, a ocultação não autoriza ninguém a exercer a
vingança, debochar dos mais fracos, praticar atos obscenos ou libidinosos,
caluniar, torturar e até assassinar. A imperceptibilidade não isenta da culpa.
O homem está obrigado a submeter-se às regras de moralidade universalmente
válidas e exigíveis, respeitando a humanidade em si e no outro.
A lei moral é a que o indivíduo
prescreve a si mesmo de forma livre e autônoma e a cumpre voluntariamente,
mesmo estando sozinho. O anel de Giges é o meio através do qual se faz um teste
de firmeza moral e, geralmente, revela que o ser humano, dada à sua própria
condição, é corruptível. O anel desvenda a estrutura interior, revela a pessoa
em sua essência, desprovida de hipocrisia. É provável que nem todos sairiam por
aí cometendo atos ilícitos. Não se tornariam profissionais do
crime, mas, certamente alguns direitos seriam violados.
Que resposta viria se fosse perguntado
às pessoas como os outros e elas mesmas comportar-se-iam com o anel? A maior
parte transformaria os semelhantes em monstros e, a si, em almas bondosas e
íntegras. Isso, e somente isso, já seria grave falta de moralidade.
A moral, enfim, é “a voz imortal da
consciência”, constituída por normas que as gerações milenares acumularam,
retiveram, selecionaram e valorizaram. Qual a razão dessas normas? A
sobrevivência e o desenvolvimento humano, os supremos interesses da sociedade e
a preponderância do amor sobre a vingança, consoante ensinamento de Jesus. Eis
aí em que se fundamenta a necessidade da verdadeira ética. Quem dela poderia
prescindir?
Edilson Santana
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