Boas vindas

O objetivo principal deste blog é edificar vidas.

Os artigos e informações aqui contidas visam tão somente tornar as pessoas mais conscientes de si; seguras na busca do entendimento sobre o mundo, os fatos, as pessoas; acreditem mais na construção de um mundo melhor e na beleza da criatura humana. Bom proveito !

Google Translator

sábado, 14 de julho de 2012

O Morador de rua e o Senador.


O título não é meu. O texto também não. Ambos me conquistaram. Logo que li me encantei. Pedi permissão e obtive para postar no meu blog. Trata-se do artigo publicado no Jornal O Povo de ontem, escrito por Regina Ribeiro, Editora das Edições Demócrito Rocha. Procedo dessa forma, toda vez que me deparo com matéria que me toca a alma por enaltecer a dignidade do ser humano. O presente artigo faz colocações sérias e equilibradas. Passa pelo cinema, permeia pela literatura e desemboca no cotidiano da vida. Desperta um forte apelo à reflexão sobre o que acontece em nossa volta. Eis o texto na íntegra. Bom proveito.
Caso você ainda não tenha assistido ao filme Sombras da Noite, de Tim Burton, seria algo interessante de fazer neste fim de semana. A história é simples e põe na tela um vampiro, personagem tão apreciado nos últimos anos e que se tornou best-seller com a saga Crepúsculo que dispensa comentário. O vampiro Barnabas Collins (Johnny Depp) é disparado muito, mas muito mais interessante. A trama começa 196 anos antes, quando um rapaz filho de família tradicional e rica se transforma na paixão exagerada de Angelique, uma bruxa. Barnabas encontra seu verdadeiro amor em Josette.
Angelique decide se vingar de Barnabas matando Josette e transformando-o num vampiro acorrentado num túmulo. Em dois séculos, a família Collins perde riqueza, prestígio, sobrando apenas a velha mansão que mais parece uma catedral gótica mal-assombrada.
A história começa pra valer assim que Barnabas é reencontrado por trabalhadores durante umas escavações. O vampiro sedento retoma à vida no ano de 1972 e vai em busca do que restou da família. A partir daí, a crítica mal humorada que me perdoe, o filme se transforma em pura diversão. A ambientação da década de 1970, com seus personagens e valores, é o estranho mundo onde Barnabas tentará se equilibrar. A família – ou que sobrou dela - é um perfeito desastre e exibe aqueles ingredientes da nobreza falida: todos têm apego ao dinheiro e ao que restou da fase áurea, mas há em perspectiva o desonesto por opção, os sobrinhos no limite da falta de juízo, a psiquiatra louca e uma espécie de matriarca que tenta juntar as pontas do tempo.
Burton parece gostar das sombras. Elas sempre refletem o real, mas deformando, criando ilusões e brechas para a mais completa irrealidade. Afinal de contas, o mundo da década de 1970 era estranho até mesmo para quem nele vivia. E Barnabas é semelhante a qualquer um que não entende, em qualquer época da vida, o que está acontecendo em sua volta. Que tem em comum aquela sensação de estranheza, de sobressalto quando se depara com situações improváveis. Por exemplo: que mundo tão doido é este onde um morador de rua encontra dinheiro e devolve e, no dia seguinte, um senador da República, que se deixa chafurdar no submundo do dinheiro ganho a qualquer custo, é cassado? Burton fez, sem dúvida, um filme ótimo. E hoje é sexta.