Luana Andrade é uma Psicóloga
dotada de muita competência. Lida com maestria os problemas relacionados ao ser
humano. Escreve e se posiciona muito bem. Adoro ler seus textos. São preciosos.
Ajudam ao crescer como pessoa. Recentemente, ela publicou um artigo no Jornal O
Povo que aborda o problema das perdas. Transcrevo para os meus amigos e
leitores, por entender que o texto vai ajudar muita gente a lidar com as perdas
que ocorrem ao longo da nossa vida. Bom proveito.
A experiência de perder alguém que amamos traz muita dor e nos coloca diante de intensas e difíceis emoções, que podem dar a impressão de que a vida nunca mais será a mesma. Em se tratando de crianças, o problema se torna ainda mais delicado, pois os adultos frequentemente apresentam dificuldades em tratar do tema com seus filhos.
Desde crianças, aprendemos a ter, a ganhar e a acumular, mas é rara a educação e a preparação paras as perdas, especialmente para a morte. É comum que os pais, buscando proteger os filhos da dor e das frustrações, evitem e camuflem o assunto, envolvendo-os em uma bolha e dando-lhes a falsa sensação de que tudo é para sempre, poupando-lhes indevidamente das menores perdas cotidianas, como a perda de um brinquedo, a derrota em jogos e o falecimento de um animal de estimação.
Os pais devem ter em mente que a preparação para lidar com a morte é possível e deve ser iniciada na infância, a fim de que as perdas futuras, na fase adulta, sejam menos traumáticas. É recomendado que os pais sejam honestos ao responder às dúvidas das crianças sobre a morte, observando a linguagem apropriada e evitando ao máximo explicações fantasiosas, que, cedo ou tarde, serão descobertas.
As crianças são capazes de perceber a tristeza familiar e sentem quando algo não vai bem, o que, quando não é esclarecido, pode gerar confusão em sua mente, trazendo-lhe sentimentos de culpa, de angústia e de exclusão da família. Crianças podem ir a velórios, podem ver adultos chorando e devem ter a oportunidade de se despedir dos seus entes queridos, fase importante para a superação do luto. Embora isso possa soar doloroso, deve-se incutir nas crianças, desde cedo, a ideia de que as pessoas não duram para sempre, o que certamente as ajudará a lidar com as perdas inerentes à vida humana.
As crianças, desde que ensinadas para tal, têm grande capacidade de assimilar o sentimento de perda e de elaborar o luto, concebendo-o como um processo natural. É necessário que os pais atentem para essa necessidade e não se furtem, por pena, de preparar os filhos para lidar com a dor.