Boas vindas

O objetivo principal deste blog é edificar vidas.

Os artigos e informações aqui contidas visam tão somente tornar as pessoas mais conscientes de si; seguras na busca do entendimento sobre o mundo, os fatos, as pessoas; acreditem mais na construção de um mundo melhor e na beleza da criatura humana. Bom proveito !

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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A BOA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE PRÓXIMA À ESCOLA


A preocupação em aferir se o dia a dia da comunidade está sendo afetado pelas atividades desenvolvidas pela escola, ainda é muito recente e pouco praticada. Nesse sentido, o mundo empresarial partiu na frente e já tem em sua estrutura um setor ou alguém monitorando e avaliando o relacionamento com a comunidade vizinha à empresa. A conclusão que chegaram é que a comunidade não pode ser vista como uma inimiga, mas como parceira.
Mesmo não sendo a maioria, boa parte das escolas já tem agido ou procurado agir da melhor forma possível com a comunidade. Para o bom entendimento do assunto e servir de inspiração para os dirigentes educacionais, eis alguns exemplos de práticas exitosas.
Havia um bar muito próximo à faculdade e, muitas vezes, o som dos carros atrapalhava demais as aulas, como também incomodava a vizinhança. A direção procurou o proprietário do bar, relatou o problema e pediu ajuda na solução. Reuniram-se outra vez e pactuaram que seria colocado um cartaz sobre o assunto. Os garçons foram orientados a abordarem os clientes de forma gentil e na busca de um convencimento. O resultado foi excelente. O principal foi o bom relacionamento que ficou entre a faculdade e o bar.
Um grande colégio foi construído bem próximo a uma comunidade carente. A obra incomodava os vizinhos. A atividade da escola ia alterar a rotina da comunidade. O Diretor, percebendo que isso não era bom, procurou o líder comunitário, convidou-o para visitar a obra e conhecer como a escola ia desenvolver o seu trabalho. Instalou-se um clima de relacionamento formidável e duradouro.
Uma faculdade foi transferida para um prédio de vários andares. O diretor percebeu que ia alterar a rotina da vizinhança. Ficou preocupado. Resolveu redigir um texto expondo a chegada da faculdade e colocando-se à disposição para solucionar qualquer problema. Foi às salas de aulas e orientou os alunos a respeitar a vizinhança, zelando pelo merecido sossego dela.
No Conjunto Ceará, uma escola ao completar 30 anos de existência resolveu realizar uma alvorada, acordando a vizinhança com músicas agradáveis, tocadas pela banda que desfilava nas ruas próximas. Era o “BOM DIA CONJUNTO CEARÁ”, que a escola carinhosamente oferecia. As emoções tomaram conta de todos.
Muitas outras ações podiam ser citadas, mas as acima compartilhadas são suficientes para mostrar que atitudes gentis e respeitosas geram um relacionamento saudável e duradouro. 

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com   

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A ESCOLA E A PREVENÇÃO AOS MAUS TRATOS À CRIANÇA.


A sociedade brasileira já formou a consciência de que é necessário prevenir e combater a violência doméstica contra criança e adolescente. E nessa prevenção e combate a participação da escola é fundamental. No Estado do Ceará, toda escola, pública ou privada, está autorizada a criar uma comissão denominada “Comissão de Atendimento, Notificação e Prevenção à Violência Doméstica Contra Criança e Adolescente”. Isso por força da Lei Estadual de nº 13.230, de 27.06.2002. Justifica-se a criação dessa Comissão por parte da escola, não só pelo aspecto legal, mas, principalmente, pelo seu valor social.
É importante lembrar que maus tratos não ocorrem apenas na classe social mais baixa. Eles estão presentes também nas demais classes sociais. São praticados, às vezes, pelo vizinho, por um parente, por um empregado da casa ou por pessoas que nunca imaginamos. E nessa ocasião a escola pode ser muito útil, pois a maioria absoluta dos maus tratos à criança acontece no ambiente doméstico, o que dificulta a identificação. Isso é estarrecedor, mas é a pura verdade.
A atuação da escola deve ser precedida de cuidados especiais. Se não for adequadamente conduzida, pode acarretar um mal estar com as famílias, dada a delicadeza de se interferir no modo de como os pais ou responsáveis estão tratando seus filhos ou dependentes. Daí porque a escola precisa ficar atenta ao seguinte: a) nunca criar um clima de terror diante de qualquer sintoma, deduzindo logo que está havendo maus tratos; b) ao constatar qualquer indício de maus tratos, apurar de forma discreta e muito sigilosa; c) no momento que for abordar os pais ou responsáveis sobre o assunto, que se faça com naturalidade, da mesma forma que se trata de qualquer outro problema educacional; d) se durante a abordagem, os que forem chamados utilizarem de subterfúgio ou intimidação à escola, educadamente deve-se mostrar a seriedade do caso e a responsabilidade legal da escola; e) evite-se, a todo custo, polêmica e desentendimento, devendo manter-se sempre o clima de respeito, cordialidade e profissionalismo na apuração da ocorrência; f) nunca dê margem a se cogitar em constrangimento ou falta de sigilo que o caso requer; g) as professoras e os professores sejam orientadas(os) a ter um olhar vigilante, atentos para identificar qualquer alteração física ou psicológica em seus alunos, e, em percebendo, comunicar de imediato à coordenação ou direção para receber orientação dos procedimentos a seguir. 
Diante de tudo isso, não custa nada arregaçar as mangas e administrar, com competência e cuidado, mais uma das muitas missões que nos são confiadas. Esse é mais um desafio para nós educadores. Mãos à obra.  

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vidas Preciosas

Li na Folha de São Paulo. Durante toda a leitura, emocionei-me várias vezes. Passei um bom templo parado, refletindo sobre tudo que acabara de ler. Ora, impressionado com a beleza da criatura humana, nas pessoas de Jardel e Caroline; ora, indignado com a violência dos assaltantes. Preferi ficar mais tempo admirando o relacionamento do casal e o sonho que eles acalentavam de um mundo melhor. Por isso, divido com os meus amigos o texto, numa forma de homenagear esse belo casal.

(...) Depoimento a
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O servente de obras Jardel Alves do Nascimento, 24, presenciou a morte da namorada Caroline Silva Lee, 15, em um assalto no domingo em Higienópolis, região central de São Paulo. Jardel afirma que faltou ajuda quando tentava evitar a morte da garota. No HC (Hospital das Clínicas), diz ele, ela teve de esperar por socorro. O hospital, em nota, afirma que o atendimento foi imediato.

Veja seu depoimento:*

Foi tudo muito rápido. Vínhamos conversando sobre minha tatuagem, que ela queria retocar pela manhã, e de sua primeira aula de acupuntura marcada para às 9h.

Eles chegaram dizendo "passa a bolsa, passa a bolsa." Foi um susto. Eram dois. Um deles estava armado.

Não reagimos. Apenas tentei puxar Caroline para atrás de mim, escondê-la, mas não deu tempo. Um veio por trás e puxou minha mochila.

O outro ficou agarrado na mochila dela. Ela não queria entregar. "Eu vou atirar, eu vou atirar", dizia ele.

O mais valoroso na mochila, para ela, não eram os celulares. Eram seus desenhos que adorava fazer e seus materiais de escola. Ela adorava estudar. Tinha uma bolsa de estudo do colégio São Luís.

O rapaz encostou a arma e puxou o gatilho. Não tive como reagir. Ele atirou com a arma próxima ao corpo dele. Não esticou o braço. Com certeza ele é um ladrão experiente. Fugiram sem demonstrar nenhum arrependimento.

Caroline caiu. Só tinha um pouco de sangue na boca e um raspão no olho. Nem percebi onde os tiros pegaram. Só fiquei sabendo depois.

Corri para o meio da rua para pedir ajuda. Ninguém parava. Ninguém me ajudava.

Tive de sair da frente dos carros para não ser atropelado. Uma mulher da janela de um prédio gritou que estava chamando socorro.

Tentei fazer respiração boca boca, fazer massagem cardíaca. Ela tinha asma. Tentava não deixá-la apagar de vez.

Passaram-se mais de dez minutos até as pessoas desceram dos prédios. Caroline já estava sem pulsação. Não adiantava mais.

No hospital, ainda ficou numa maca esperando para ser atendida. A médica disse que não poderia atender naquela hora porque a sala estava lotada. Mesmo se tivesse alguma chance, Caroline não teria sido salva no Hospital das Clínicas.

Deveria ser obrigatório os políticos utilizarem o mesmo sistema de saúde que oferecem às pessoas. Eles estão de boa porque não precisam.


Eduardo Knapp/Folhapress



'QUE SOFRAM'

Para muitas pessoas que estão no poder, eu sou um lixo. Mas meu propósito sempre foi ajudar as pessoas. Ter uma sociedade melhor.

Caroline pensava da mesma forma. Até por isso a gente se amava. Eu sou muito difícil de me apegar às pessoas. Com ela foi diferente.

Fazia um ano que morávamos juntos. Morávamos de favor na academia Arte Nobre. Sou faixa verde em Kung Fu, ela era vermelha.

Ela veio morar comigo, faz cerca de um ano, para me alimentar. Eu tinha acabado de perder o emprego, estava arrasado, ela usava seu vale refeição. Eram R$ 200 mensais.

Muitas vezes chegava o final no mês e o dinheiro tinha acabado. Ela nunca reclamou. Comia o que eu comia.

Ela não era apegada a coisas materiais. Eu nunca consegui pagar um almoço melhor para ela. Mas Caroline nunca reclamou disso.

A gente viveu o mais simples possível. Ela nunca quis ser algo que não poderia ser. Éramos contra o capitalismo.

Queríamos a faixa preta e montar juntos uma academia em Cascavel, no Paraná, onde moram parentes meus.

A primeira regra da nossa academia é treinar o corpo e o espírito para a paz.

Infelizmente, meu desejo é que aqueles três sofram. Sofram o mesmo que sofro hoje.

Conheci Caroline na Augusta há um ano e meio. Ela estava com a melhor amiga, Beatriz. A mesma que foi cumprimentar na noite de sua morte.

O que me impressionou foi como era responsável apesar da pouca idade. Tinha uma ideia forte que a gente não vê.

A acupuntura era muito importante para ela. Era uma forma de homenagear a profissão e a memória do pai.

Ela também queria ser tatuadora. Desenhava muito bem. Tenho uma tatuagem no peito feita por Caroline. Eu criei a frase, eu gosto de vampirismo, e ela tatuou. Deixei ela treinar no meu corpo. Ela queria retocar pela manhã.

Minha próxima tatuagem será em homenagem à Caroline. Ela tinha uma tatuagem de um símbolo chinês que significa eternidade.

Para mim, ela será eterna.


Jornal Folha de São Paulo

QUARTA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 2012