Boas vindas

O objetivo principal deste blog é edificar vidas.

Os artigos e informações aqui contidas visam tão somente tornar as pessoas mais conscientes de si; seguras na busca do entendimento sobre o mundo, os fatos, as pessoas; acreditem mais na construção de um mundo melhor e na beleza da criatura humana. Bom proveito !

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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Os brasileiros estão lendo mais

O Brasil está mudando. A sociedade vem amadurecendo a cada instante. Além da estabilidade e do crescimento da economia, as instituições e as comunidades estão mais poderosas, portanto, mais atuantes. O Brasil não é mais só Governo. Este é apenas parte dele. Isso não significa que está tudo bem. Temos ainda muito dever de casa para ser feito. Mas, com certeza, o Brasil está melhorando a cada dia, de forma séria, equilibrada e com determinação.

Na postagem anterior, foi apresentada a grande diminuição nas mortes violentas durante o período de carnaval. Em todas as rodovias brasileiras, a redução foi de 18,5%. Nas rodovias e cidades do Ceará, a redução de toda espécie de morte violenta, foi de 29,8%.

Agora, foi divulgado pela Revista Veja, edição 2258, de 29.02.2012, o resultado do censo encomendado pela Câmara Brasileira do Livro ao Ipea. Os dados e a reportagem sobre o assunto estão resumidos a seguir:


  1. O número de exemplares impressos no Brasil bateu em quase 550 milhões, com o crescimento de 23%.    
  2. Apesar da média de leitura no Brasil ainda ser baixa, 1,8 livros per capita por ano, a alta taxa de crescimento do setor editorial brasileiro é fator de esperança.
  3. Aumenta e muito o número de pessoas que leram o primeiro livro.
  4. Qualquer livro pode ser uma faísca para acender o fogo da curiosidade e abrir uma clareira acolhedora para o enriquecimento do mundo interior.
  5. A leitura é o prazer mais duradouro, aquele que resiste quando todos os demais acabam.
  6. O crescimento do número de escritores brasileiros vem aumentando de forma impressionante, inclusive marcando forte presença na listal dos autores de obras com grande sucesso em todo o mundo.
  7. O Brasil está se transformando em um país de leitores e autores.


O livro brasileiro está mais barato e os consumidores estão comprando mais exemplares.
Como disse, trata-se apenas de um resumo. A intenção é mostrar que o Brasil está mudando em todos os aspectos, inclusive no literário. Vamos, pois, ler mais e incentivar a leitura. Ela faz bem a alma e engrandece as pessoas.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Carnaval 2012 - Dados favoráveis

Quem leva a sério e analisa o comportamento social, sempre se preocupa com os feriados longos, principalmente quando se trata do carnaval. Isso porque, nesse período, os acidentes e mortes violentas se multiplicam.
Com esse sentimento, foi postado neste blog, nos dias que antecederam o carnaval, um artigo e uma sugestão de campanha, ambos clamando por uma conduta responsável e equilibrada no decorrer dos feriados.
É animador constatar que muitas outras pessoas fizeram algo para suavizar os incidentes nesse período e tentaram convencer a todos da possibilidade de um carnaval saudável. Boa parte das entidades públicas e privadas também  trabalharam com afinco para conscientizar as pessoas a se portarem bem, agindo como cidadãos educados.
Passado o carnaval, como sempre, os dados das ocorrências são divulgados. Eis que, para deleite espiritual e satisfação social, os números divulgados foram animadores, considerando a sua redução em relação aos dados do ano anterior. É pena que a mídia não dê o destaque que merece. Se fosse desfavorável, os dados seriam, com certeza, colocados na primeira página e com letras bem grandes. Mas, deixa para lá, agora a ênfase é a beleza dos dados de 2012, que a seguir é transcrito, para o seu contentamento.   

Número de mortes em estradas federais no Carnaval cai 18,5%, diz PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que o número de mortos em acidentes nas estradas federais durante o Carnaval caiu 18,5% de 2011 para 2012. Neste ano, foram 176 mortes, contra 216 do ano passado, considerando o período da meia-noite de sexta-feira (17) à 23h59 da quarta-feira (22). Segundo a PRF, o número de acidentes também caiu, de 4.312, em 2011, para 3.345, em 2012, uma redução de 22,4%.
Dados apontam que no Ceará, número de mortes violentas no Carnaval cai 29,8%.
REDUÇÃO DE 29,8% DAS MORTES VIOLENTAS NO CEARÁ.  (2012: 58,  2011: 83,  2010: 87) 
       Em 2012  -   12 vítimas de trânsito  -  em 2011 foram 11   -    em 2010 foram 31
       Em 2012  -   10 por afogamento      -   em 2011 foram 12   -    em 2010 foram  9
       Em 2012  -   31 homicídios                -   em 2011 foram 53   -    em 2010 foram 41
       Em 2012  -     - suicídios                    -   em 2011 foram     2   -    em 2010 foram   3
       Em 2012  -     5 queda, choque...     -   em 2011 foram     5  -     em 2010 foram  3

Vamos trabalhar para que em 2013 os dados sejam também favoráveis.
               É assim que se constrói um mundo melhor.
É dessa forma que uma sociedade se torna pacífica e cultiva a paz.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Rivalidade entre irmãos

Ao longo dos trinta e oito anos que trabalho com educação, inúmeras vezes me deparei com pais aflitos e inseguros por constatarem rivalidade entre seus próprios filhos. Rivalidade essa que muitas vezes resultava em briga entre si. Essa aflição e insegurança têm sua razão de ser. Na verdade, almejamos para nossos filhos um relacionamento lindo e maravilhoso com todas as pessoas, principalmente com os próprios irmãos. Daí porque, mesmo que ainda sejam crianças, a situação incomoda, aumentando quando perdura na fase da adolescência. Diante desses pais, minha postura sempre foi de suavizar a angústia e o sofrimento. Apesar de minha experiência no trato do problema, nunca escrevi sobre o assunto. Ao folhear o Jornal O Povo, chamou-me a atenção um artigo com o título acima, escrito por LUANA ANDRADE, Psicóloga, Psicodramatista, Psicoterapeuta, Especialista em Terapia Familiar, em Psicologia Clínica e em Psicologia Escolar. Adorei o artigo. O assunto foi tratado de forma equilibrada e competente. Por entender que o tema é de grande valor para as famílias, achei por bem postar no meu blog. Para tanto, pedi autorização à autora, que gentilmente concedeu, adicionando, inclusive, frases sobre o assunto e recomendação de um livro. Eis o texto para o seu conhecimento. Tenha bom proveito.

O nascimento de um novo filho faz com que a família passe por uma reestruturação, experimentando sentimentos que até então não estavam presentes e com os quais agora precisará lidar. O ciúme, que promove disputas e rivalidades, geralmente se faz presente nessa hora. Pode-se dizer que a rivalidade fraterna começa logo no momento que o segundo filho nasce. Por mais que se gostem e se dêem bem, os irmãos sempre tem uma certa dose de rivalidade entre si. Eles realmente precisam dividir tudo: a casa, a televisão, os brinquedos e principalmente o amor e a atenção dos pais. Embora, a princípio, essa situação pareça difícil, é um momento rico para o aprendizado, pois certamente em outros momentos a habilidade de lidar com o ciúme será requerida. É importante que os pais evitem promover mais mudanças nesse período, pois o filho já tem muito para digerir. Justamente por isso, não é aconselhável iniciar o processo escolar nessa fase, pois a adaptação à escola poderá ser prejudicada. Os pais precisam dar espaço para que as crianças falem livremente dos seus sentimentos de ciúme, raiva, inveja, pois estes, quando aprisionados, abrem espaço para o ressentimento, a mágoa, a ansiedade. Ao saber que podem extravasar de forma adequada o que sentem, as crianças se permitem reconhecer em si mesmas tais sentimentos e podem substituí-los por outros. Os pais devem evitar fazer comparações entre os filhos, pois esses comentários geralmente são extremamente nocivos, criam situações de conflito e interferem diretamente na autoestima de um dos envolvidos, além de ferir o princípio básico de que devemos respeitar as diferenças. Os pais também devem deixar claro que cada filho é especial e valorizar as características de cada um, buscando sempre destacar as potencialidades que eles apresentam. Devem procurar não intervir em brigas, dando a chance de que eles próprios consigam se entender. E, principalmente, devem evitar dar sempre razão ao mais novo, cobrando do maior que entenda o pequeno em qualquer circunstância. A rivalidade entre os filhos é inevitável, mas pode ser controlada com o estabelecimento de uma relação aberta e compreensiva por parte dos pais.

Frases:
“A rivalidade entre irmãos deve ser entendida como um sofrimento que a criança manifesta com o nascimento do irmão mais novo e a melhor maneira de combater é através do afeto, da conversa, da compreensão e da atenção.” Brazelton Berry

“Alguma rivalidade é natural, mas sem exageros, quando não exacerbada, contribui e impulsiona no fortalecimento do vínculo, do afeto, da parceria.” Margareth Volpi

Livro: Entendendo a Rivalidade Entre Irmãos
As provocações, as discussões, a competição e as brigas ferozes entre irmãos e irmãs podem levar qualquer pai ou mãe ao desespero. O Drs. Brazelton e Sparrow indicam que, ao mesmo tempo em que isso ocorre, os irmãos estão aprendendo uns com os outros, e relações profundas e íntimas estão sendo formadas, as quais se estenderão por toda a vida. Os autores mostram como os pais podem acalmar várias das brigas, enquanto ajudam a fortalecer relações amigáveis. 


José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Haja paz na terra neste carnaval




No período do carnaval é comum desentendimentos e acidentes. Tudo fruto do exagero de parte dos que participam. Esse quadro pode ser evitado!  Basta uma boa dose de orientação e apelos para prevalecer os cuidados na estrada, nas praias e nas brincadeiras. Podemos ter um carnaval tranquilo e de MUITA PAZ. Faça algo nesse sentido. Não deixe passar essa oportunidade.  Você poderá estar salvando vidas ou evitando muitos dissabores.


Leia um pouco sobre o movimento de paz iniciado por jovens americanos em 1955 e que se expandiu                                                      pela Europa e o mundo inteiro. Desse movimento surgiu a música “HAJA PAZ NA TERRA, A COMERÇAR EM MIM”.
                      Vale a pena conhecer a grandeza da letra e a beleza da música. Atente para a sua mensagem e conheça o efeito dela na vida de muitos jovens e adultos do mundo inteiro. Tudo tem muita relação com o que se propõe no texto acima.
Veja como surgiu: Era verão,1955. Um grupo de jovens acampantes de diversas raças e grupos religiosos tinha um grande desejo: ver a paz mundial. Braços dados cantaram um cântico, escrito naquele ano, que comunicava perfeitamente o que estava nos seus corações: “Haja Paz na Terra, a começar em mim”. Descendo da montanha, esses jovens começaram a compartilhar este cântico. Como se tivesse asas, Haja Paz na Terra começou uma viagem maravilhosa ao redor do globo. Foi cantado em organizações de todo o tipo, em reuniões de igrejas. Foi gravado, copiado, impresso, passado de boca em boca. Atravessou os Estados Unidos. Ganhou medalhas e honrarias em 1958 e nos anos seguintes. Continuou a ser hino-tema de muitas ocasiões cívicas no país. Foi para a Europa, Oriente Médio, América do Sul, Ásia, África e Austrália e as ilhas do Pacífico. Foi usado num programa da Cruzada para a Paz e num filme para o Japão.
Mais sobre o carnaval no artigo “Carnaval: Seus Encantos e Preocupações”.


José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Quem nos corrige?

Até certa idade somos corrigidos por nossos pais. Quando criança, ao errarmos, recebemos deles a explicação, a correção e, às vezes, a punição. E aí aprumamos o nosso barco, seguimos o caminho certo. E assim que somos criados. Se não todos, pelo menos uma boa parte.
Todavia, chega o tempo que já não temos ou não mais aceitamos a figura dos pais como orientadores. O passar da idade nos faz adultos e, como tais, responsáveis pelos atos que praticamos. Certos ou errados dirigimos a nossa própria vida. Atingimos a chamada fase da autonomia.
Sendo a sociedade dirigida por jovens adultos ou adultos plenos, que mecanismos dispomos para orientá-los quando estão errados? Via de regra, como adultos, sentimo-nos amadurecidos e não queremos receber ajuda de ninguém. Nem como orientação, muito menos como advertência.
Ficamos sozinhos, a procura de caminhos ou alternativas para seguirmos a caminhada que nos leve ao porto do acerto e da felicidade.
Por muito tempo foi usado pelo adulto a figura do ancião como conselheiro, visto que, pela idade, ele já possuía experiência suficiente para orientar os mais jovens. Foi assim por muito tempo e a história aí está mostrando a figura dos sábios, ao lado dos grandes reis.
Hoje, porém, isso não é mais possível Os costumes mudam tão rapidamente que a experiência do mais velho já não serve, uma vez que a realidade já não é mais a mesma. Isso nos faz distantes dos mais experientes e por via de conseqüência ficamos mais expostos a aventuras desagradáveis.  Claro que essa rapidez de mudança não justifica a distância, uma vez que as experiências vividas, embora em épocas diferentes, tiveram por base os mesmos princípios que norteavam a decisão. A análise das experiências do meu avô ou de meu pai, no enfrentamento dos desafios da vida, serve para mim, porque para ele o problema enfrentado era tão grande quanto ao meu hoje. A diferença está apenas nos detalhes e na forma como ocorreu, mas semelhantes em noções e princípios de vida. Aplica-se aqui a ótica de Shakespeare: “Briga-se por uma palha, quando isso vale um princípio”
 Mas, quando erramos, quem vai nos corrigir?
 Se no serviço, o nosso chefe?
Se no trânsito, o guarda?
Se na escola, o professor ou a direção?
Se na fé o padre ou o pastor?
Se na profissão, o cliente ou o paciente?
Se na sociedade, a lei?
Se em família, o cônjuge, os filhos ou outros parentes?
E se for dirigindo um bugre na praia onde freqüenta muita gente? Ou se for comandando, sem o devido cuidado, uma navegação com muitos passageiros e tripulantes? Se for desmatando a Amazônia ou destruindo plantas na cidade? Se for dirigindo uma empresa sem ligar para o equilíbrio entre o capital e o trabalho? Se for dirigindo um órgão público sem a seriedade que o cargo requer? Se for construindo, sem os cuidados necessários, um prédio onde vai morar ou trabalhar pessoas? Se for na vida a dois, sem o respeito que o bom senso recomenda?
Quem corrige o adulto? Ele mesmo, alguém próximo ou a sociedade?
Vivemos uma época em que realmente não sabemos com certeza quem vai corrigir as falhas dos adultos e os desmandos que diariamente vemos em nossa sociedade. Alguém mais simplista pode dizer: O governo! Mas não, enquanto apenas governo, pois, se assim fosse, não teríamos erros constantes, uma vez que sempre tivemos governo. Pode o governo, porém no sentido mais amplo e legítimo, incluindo os demais poderes e órgãos, ou seja, no sentido de representante nosso naquela função. Se juiz, em nosso nome para julgar; se prefeito, em nosso nome para administrar; se deputado, em nosso nome para legislar; se inspetor de saúde, em nosso nome para zelar pela saúde; se chefe de segurança, em nosso nome para nos dar segurança; se líder sindical, em nome da categoria para defender seus direitos. Nós somos a sociedade, nós fazemos o governo, o poder público. Por esta razão, nós é que nos corrigimos. Nós é que corrigimos o outro. Nós é que criamos o caos e nós é que temos de transformá-lo em ordem.
Chegamos assim a uma valorosa e preocupante conclusão de que nós mesmos somos os principais responsáveis pela correção de nossos erros. Essa verdade aumenta e muito a nossa responsabilidade, pois ninguém, a rigor, pode fazer isso em nosso lugar. A não ser, claro, que utilizemos da salutar escolha de alguém que nos socorra e nos dê uma luz. A verdade é que devemos reconhecer nossos erros e nos corrigir. Reconhecer os próprios erros é muito bom! Aceitar a correção por parte de alguém ou com ele aprender algo, é um ato de sabedoria. Proteger a sociedade e as pessoas de serem vítimas do erro de alguém é um ato de cidadania. Assim procedendo, estaremos trilhando o melhor caminho para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz. 



José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Irresponsabilidade em cadeia

Fomos surpreendidos recentemente com dois acidentes, um no mar e o outro em terra. No mar aconteceu bem próximo à Ilha de Giglio, na Itália, quando um Cruzeiro, conduzindo quase cinco mil pessoas naufragou, após colidir com uma rocha. Em terra, o acidente ocorreu na Cidade Maravilhosa, nosso querido Rio de Janeiro, com o desabamento de três edifícios, bem no centro da cidade. Em ambos os episódios ficou muito evidente a falha humana, ou melhor, a irresponsabilidade praticada por quem deveria ter evitado os referidos acidentes. Não pretendo focar aqui as falhas ocorridas no acidente na ilha da Itália, mas tão somente as ocorridas no nosso solo. O prédio desabou por causa de uma cadeia de irresponsabilidade praticada não só por uma, mas por diversas pessoas envolvidas com a obra. E o fizeram de forma orquestrada, uma verdadeira sinfonia de irresponsabilidade. Iniciou-se com a equipe de construção, composta por vários engenheiros e empresários do ramo. Eles projetaram a construção de um prédio de 10 andares e construíram a base para erguer 10 andares. Depois, a equipe resolveu ampliar para 13 e em seguida para 15. Todas as etapas, para o nosso espanto, foram devidamente autorizadas pelo órgão público municipal. Isso significa que as alterações, irresponsavelmente sugeridas, receberam o aval e foram legalizadas, por  uma equipe composta de fiscais, técnicos e dirigentes, todos encarregados de proteger a sociedade dos perigos de uma obra irregular. Anos depois, não podia acontecer outra coisa a não ser o seu desabamento, causando simultaneamente, a queda de dois prédios visinhos. Irresponsabilidades semelhantes já existem a tempo. Lembro-me do que ocorreu em 1988, também no Rio de Janeiro, em plena entrada de ano novo, quando o barco Bateau Mouche, que transportava cento e quarenta e duas pessoas em passeio na Baía de Guanabara naufragou, causando a morte de mais de cinqüenta pessoas. O mais chocante não foi o acidente em si, mas principalmente a causa do acidente: desrespeito às leis de segurança e prevenção de acidente. E isso com o agravante de que a fiscalização já havia chamado a atenção para o perigo, ordenando inclusive que a embarcação retomasse ao lugar de origem e só viajasse com o número de passageiros permitido pelas normas de segurança. Mas, a insensatez prevaleceu e o barco retornou com o mesmo número de passageiros, burlando a fiscalização. Dessa vez, o erro não foi do ente público, pois a fiscalização fora feita com rigor. O que houve foi uma cínica burla à fiscalização, pasmem, com a ajuda dos próprios passageiros. Só que desta vez o tempo não ajudou e o barco sucumbiu. O jeitinho brasileiro, tão badalado e endeusado na época, mas que hoje, graças a Deus, é bastante questionado, não deu certo e anulou muitas vidas. Lembro-me também, agora, o que aconteceu comigo, quando em abril de 1975 fui fazer uma viagem à Região do Cariri, com quarenta alunos entre 15 e 16 anos de idade. O ônibus da empresa contratada estava velho, a direção com muita folga e a luz muito fraca. Ainda em Messejana, já saindo de Fortaleza, o limpador do pára-brisa deixou de funcionar. A chuva estava começando, mas demonstrava que ia demorar. Quis desistir, mas a moçada queria ir assim mesmo. Paramos na fiscalização para mostrar a documentação. Aproveitei a oportunidade para me valer do guarda rodoviário (estadual) e contei-lhe os problemas e o grande risco. Ele perguntou ao motorista de quem era o ônibus e ele disse o nome do proprietário. O guarda limitou-se a recomendar que tivesse muito cuidado, pois estava chovendo, a viagem era perigosa e os passageiros eram jovens e neles estava o futuro do Brasil. Boa piada acabava de ouvir e que de verdade, só tinha a afirmação sobre os jovens. Eu contava com apenas dois anos de diretor de colégio. Não possuía ainda autoridade e segurança suficientes para impedir a viagem e fazer todos retornarem para suas casas. Temia a reação deles e dos pais. Cedi e deixei o carro seguir viagem. A única coisa que fiz foi pedir o silêncio e solicitar que todos orassem pedindo a proteção de Deus. Fui para frente do ônibus e fiquei atento a tudo que ocorria na estrada. Só Deus sabe o quanto sofri. Ainda bem que chegamos em paz e não foi desta vez que a omissão de um líder (no caso eu) trouxe prejuízo para as pessoas. Fiz um pacto comigo mesmo e perante Deus, que jamais me omitiria ou ficaria calado diante da omissão dos outros, quando estivesse em jogo a vida, a paz e a integridade das pessoas. Vem em minha lembrança, também, agora a visita do Papa a Fortaleza, em 1980, quando na abertura dos portões do Castelão foram mortas, se não me engano, quatro pessoas. Ainda, na mesma época, na Praça José de Alencar, alguns jovens morreram eletrocutados durante a apresentação de um show, por descuido de quem montou os equipamentos. Em 1998, o Edifício Palace II desabou no Rio de Janeiro, deixando 8 (oito) mortos e 150 famílias desabrigadas. A empresa Sersan, de propriedade do Deputado Federal Sérgio Naya, foi acusada de usar material de baixa qualidade na construção do prédio. Assim, no nosso dia a dia têm sido registrados fatos e fenômenos que ocorrem sucessivamente, uma verdadeira cadeia de irresponsabilidade na ação ou omissão, ora do comandante, ora dos construtores, dos empresários, ora do guarda, ora do motorista, ora do técnico, ora da multidão. É o caso de se perguntar: até quando, meu Deus, essa situação vai perdurar? A resposta tem de ser DEPENDE! Sim, depende da iniciativa de pessoas sérias e bem intencionadas, que resolvam se rebelar contra essa prática e trabalhem pela formação, em cada cidadão, de uma nova consciência social. É importante, pois, não praticar e nem permitir práticas irregulares. É prudente não ceder, aliás, nunca ceder, e nem se calar, quando estiver em jogo a integridade física das pessoas. Se cada um fizer a sua parte, com certeza, os acidentes serão bem menores e os sofrimentos também. Se há uma irresponsabilidade em cadeias, devemos reagir, com muito mais evidência, contra essa prática, formando uma grande cadeia de pessoas responsáveis que acreditam na construção de mundo bem melhor.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com