Segundo o sábio Salomão, há tempo para tudo sobre a face da terra. E eu
sinto que o meu tempo agora é de tirar o pé do acelerador. O corre-corre da
vida exige velocidade e eu sempre correspondi a essa exigência. Porém, no meu
tempo atual, preciso diminuir essa correria. Não vai ser necessário parar,
apenas manter o ritmo na velocidade regulamentada pela vida entre 40, 60 ou 80
km, dependendo das circunstâncias. É como se o meu corpo estivesse pedindo para
ser melhor dirigido. Nas minhas reflexões e nos meus momentos de silêncio,
consegui entender o meu corpo e ouvi claramente a sua meiga e humilde voz.
Tomei o propósito de atender esse clamor, mas não tem sido fácil. Ainda bem que
descobri não ser impossível. Para tanto, basta ter sabedoria na administração
do tempo e disciplina para seguir.
É o que venho, há tempo, tentado fazer. Porém, sempre tenho me deparado
com dificuldades, pois os desafios são grandes. A vida moderna, aliás,
pós-moderna, impõe muitas exigências, dentre elas, algumas que podemos relegar
sem maiores prejuízos e outras que o não atendimento trará conseqüências das
mais perigosas ou mesmo fatais. Nestas, destaco a saúde, a convivência conjugal e familiar, a
espiritualidade e a renda pessoal. Destes, tenho sido vitorioso na conivência
conjugal, familiar e na espiritualidade. Já quanto à renda e a saúde, apesar do
relativo êxito obtido até agora, ainda exigem cuidados. Esta é a razão da minha
decisão de, progressivamente, ir me afastando de algumas instituições, que atuo
como voluntário.
Dentre elas, o precioso Tribunal de Ética e Disciplina – TED, da OAB.
Não foi fácil tomar essa decisão. Desejava ser mais útil a nossa OAB, através
do TED. Mas, nos últimos anos, tenho encontrado dificuldade de estar presente e
de pesquisar, a fundo, os processos para dar um Parecer que faça justiça, pois
não me contento apenas em justificar o voto. Prefiro ir além, até encontrar as
verdadeiras razões para opinar, com segurança, sobre a procedência ou não da
representação. Isso tudo exige tempo livre, o que realmente não tenho.
Duas outras instituições eu tive também de deixar. Uma, é a CNEC,
entidade sem fins lucrativos, que atua na área educacional. A outra é o Lar de
Crianças Davis que abriga filhos de detentos, sem família estruturada para
acolhê-los. Assim, pedi o meu desligamento dos trabalhos voluntários
sistemáticos que eu realizava nessas instituições. Continuarei apenas realizando
eventuais trabalhos voluntários, da forma como eu sempre me dispus a fazer.
Para dar uma idéia da imperiosa necessidade de administrar melhor o meu
tempo, segue uma pequena demonstração: a) preciso dormir, impreterivelmente,
entre oito e nove horas por dia; b) tenho que, diariamente, fazer as minhas
refeições, com espaço entre elas, no mínimo, de três a quatro horas; c) essas
refeições têm de ser saudáveis, portanto, devo evitar refeições fora de casa;
d) é importante caminhar 30min diariamente ou 1h em dias alternados; e) não
posso deixar de reservar, pelo menos, duas horas por dia para leitura; f) tenho
que disponibilizar, em média, três a quatro horas por dia para produzir
petições, artigos, orientações aos clientes e responder e-mails profissionais;
g) o trabalho que desenvolvo, exige visitas e encontros, fora as audiências, o
que ocupam um bom espaço de tempo; h) é precioso deixar espaço para lazer,
meditação e relacionamentos. Para atender essa demanda de tempo, fui obrigado a
diminuir o trabalho voluntário e racional o meu trabalho profissional.
Hoje, 30 de abril, completo exatamente os meus 66 anos de existência.
Desejo viver por muito tempo. Preciso, pois, cuidar bem da minha saúde. Sem
ela, nada tem valor. Ao longo dos últimos 10 anos, já tive AVC por três vezes.
As seqüelas não foram muito graves, Graças a Deus, pois todos eles foram AVC
isquêmico, que é um dos mais simples. Não quero correr o risco de ter mais um.
Pode ser que, caso haja o próximo, eu não tenha a mesma sorte dos anteriores.
Adoro a vida, o mundo e as pessoas. Desejo ficar por mais tempo nessa terrinha.
Essa revelação foi postada, com a única intenção de ajudar àqueles que
têm idade próxima da minha e que, de uma forma ou de outra, já sentem a
necessidade de diminuir um pouco o seu ritmo de vida.
É destinada também
aos mais novos e aos muito mais novos. Eles precisam, desde cedo, despertar
para a necessidade de administrar bem o seu tempo. E isso exige reflexão e
constante reposicionamento, até encontrar a melhor forma de viver. qual seja,
conciliar bem o sucesso profissional com o ser bem sucedido na família e no
relacionamento com Deus.
José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com
obrigado pela sua esperiencia de vida passada para nós os mais jovens esperro não era nestas parte muito obrigado pelo texto...
ResponderExcluirsilvaedriano@hotmail.com