Boas vindas

O objetivo principal deste blog é edificar vidas.

Os artigos e informações aqui contidas visam tão somente tornar as pessoas mais conscientes de si; seguras na busca do entendimento sobre o mundo, os fatos, as pessoas; acreditem mais na construção de um mundo melhor e na beleza da criatura humana. Bom proveito !

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

AS CONTRADIÇÕES DO RÁPIDO.


Há certo exagero na valorização do rápido. Tudo hoje tem de ser ligeiro. E não é só em termos de tecnologia. É no comer, no conversar, no aprender, no responder, no andar, no decidir e tantos mais. O pior é quando o rápido chega a atingir o relacionamento com Deus, com a natureza, com o próprio corpo, com as pessoas e com a vida. Ai, as coisas se complicam. Nesse campo, nada pode ser rápido e, muito menos, rápido demais.
Sabemos que todo fruto delicioso amadurece lentamente; que para ser bem sucedido na vida, precisamos passar por um processo de aprimoramento; que o imediatismo prejudica a vida e mutila o relacionamento humano; que educação é semear com sabedoria e colher com paciência. Por isso, a vida, o corpo humano, a natureza e a própria história estão sempre nos ensinando a esperar moderadamente; a dar tempo ao tempo; a não utilizar sempre a pressa, sob pena de prejudicar o resultado esperado.
Na saúde, a tendência ao resultado rápido é algo mais preocupante ainda. A propaganda apela “beba e coma a vontade, tome isso e logo se sentirá bem”, quando nós sabemos que o corpo prefere alimentos saudáveis e em dosagem adequadas. O sono deve ser respeitado, mas ainda é utilizado remédio para não ter sono. Devemos nos inspirar nos exemplares ritmos da digestão, do crescimento dos órgãos e membros do corpo, da gestação, do bem estar e do ser feliz. Tudo isso demanda tempo. Saber esperar é sinal de sabedoria.
 Em educação, mais do que em qualquer outra área de atuação humana, é fundamental o resgate do aprender a valorizar a espera. A vida clama por isso. Trata-se de um aprendizado valiosíssimo, que é pré-requisito para todos os demais.  Aprender a guardar a vez, o momento certo. Não esquecer que  reconhecimento, credibilidade, amizade e amor verdadeiro são conquistas que só se adquire com o tempo. 
Cuidado com o rápido. Ele é contraditório. Pode ser útil, como ser prejudicial; pode ser uma solução, como pode tornar-se um problema; pode atrair ou afastar; ganhar ou perder. Compete a nós educadores conduzir e preparar bem o ser humano, no sentido de saber definir corretamente quando deve ser rápido ou esperar, ceder ou não as exigências da vida moderna, que impõe rapidez em tudo que se faz. Preferimos seguir a recomendação do sábio Rei Salomão – “há tempo para tudo sobre a face da terra, inclusive tempo de lutar e tempo de viver em paz” (Livro de Eclesiastes 3.8b).

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com   

*Publicado no caderno "Jornal do Leitor" de O POVO   (27/11/2012)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A BOA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE PRÓXIMA À ESCOLA


A preocupação em aferir se o dia a dia da comunidade está sendo afetado pelas atividades desenvolvidas pela escola, ainda é muito recente e pouco praticada. Nesse sentido, o mundo empresarial partiu na frente e já tem em sua estrutura um setor ou alguém monitorando e avaliando o relacionamento com a comunidade vizinha à empresa. A conclusão que chegaram é que a comunidade não pode ser vista como uma inimiga, mas como parceira.
Mesmo não sendo a maioria, boa parte das escolas já tem agido ou procurado agir da melhor forma possível com a comunidade. Para o bom entendimento do assunto e servir de inspiração para os dirigentes educacionais, eis alguns exemplos de práticas exitosas.
Havia um bar muito próximo à faculdade e, muitas vezes, o som dos carros atrapalhava demais as aulas, como também incomodava a vizinhança. A direção procurou o proprietário do bar, relatou o problema e pediu ajuda na solução. Reuniram-se outra vez e pactuaram que seria colocado um cartaz sobre o assunto. Os garçons foram orientados a abordarem os clientes de forma gentil e na busca de um convencimento. O resultado foi excelente. O principal foi o bom relacionamento que ficou entre a faculdade e o bar.
Um grande colégio foi construído bem próximo a uma comunidade carente. A obra incomodava os vizinhos. A atividade da escola ia alterar a rotina da comunidade. O Diretor, percebendo que isso não era bom, procurou o líder comunitário, convidou-o para visitar a obra e conhecer como a escola ia desenvolver o seu trabalho. Instalou-se um clima de relacionamento formidável e duradouro.
Uma faculdade foi transferida para um prédio de vários andares. O diretor percebeu que ia alterar a rotina da vizinhança. Ficou preocupado. Resolveu redigir um texto expondo a chegada da faculdade e colocando-se à disposição para solucionar qualquer problema. Foi às salas de aulas e orientou os alunos a respeitar a vizinhança, zelando pelo merecido sossego dela.
No Conjunto Ceará, uma escola ao completar 30 anos de existência resolveu realizar uma alvorada, acordando a vizinhança com músicas agradáveis, tocadas pela banda que desfilava nas ruas próximas. Era o “BOM DIA CONJUNTO CEARÁ”, que a escola carinhosamente oferecia. As emoções tomaram conta de todos.
Muitas outras ações podiam ser citadas, mas as acima compartilhadas são suficientes para mostrar que atitudes gentis e respeitosas geram um relacionamento saudável e duradouro. 

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com   

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A ESCOLA E A PREVENÇÃO AOS MAUS TRATOS À CRIANÇA.


A sociedade brasileira já formou a consciência de que é necessário prevenir e combater a violência doméstica contra criança e adolescente. E nessa prevenção e combate a participação da escola é fundamental. No Estado do Ceará, toda escola, pública ou privada, está autorizada a criar uma comissão denominada “Comissão de Atendimento, Notificação e Prevenção à Violência Doméstica Contra Criança e Adolescente”. Isso por força da Lei Estadual de nº 13.230, de 27.06.2002. Justifica-se a criação dessa Comissão por parte da escola, não só pelo aspecto legal, mas, principalmente, pelo seu valor social.
É importante lembrar que maus tratos não ocorrem apenas na classe social mais baixa. Eles estão presentes também nas demais classes sociais. São praticados, às vezes, pelo vizinho, por um parente, por um empregado da casa ou por pessoas que nunca imaginamos. E nessa ocasião a escola pode ser muito útil, pois a maioria absoluta dos maus tratos à criança acontece no ambiente doméstico, o que dificulta a identificação. Isso é estarrecedor, mas é a pura verdade.
A atuação da escola deve ser precedida de cuidados especiais. Se não for adequadamente conduzida, pode acarretar um mal estar com as famílias, dada a delicadeza de se interferir no modo de como os pais ou responsáveis estão tratando seus filhos ou dependentes. Daí porque a escola precisa ficar atenta ao seguinte: a) nunca criar um clima de terror diante de qualquer sintoma, deduzindo logo que está havendo maus tratos; b) ao constatar qualquer indício de maus tratos, apurar de forma discreta e muito sigilosa; c) no momento que for abordar os pais ou responsáveis sobre o assunto, que se faça com naturalidade, da mesma forma que se trata de qualquer outro problema educacional; d) se durante a abordagem, os que forem chamados utilizarem de subterfúgio ou intimidação à escola, educadamente deve-se mostrar a seriedade do caso e a responsabilidade legal da escola; e) evite-se, a todo custo, polêmica e desentendimento, devendo manter-se sempre o clima de respeito, cordialidade e profissionalismo na apuração da ocorrência; f) nunca dê margem a se cogitar em constrangimento ou falta de sigilo que o caso requer; g) as professoras e os professores sejam orientadas(os) a ter um olhar vigilante, atentos para identificar qualquer alteração física ou psicológica em seus alunos, e, em percebendo, comunicar de imediato à coordenação ou direção para receber orientação dos procedimentos a seguir. 
Diante de tudo isso, não custa nada arregaçar as mangas e administrar, com competência e cuidado, mais uma das muitas missões que nos são confiadas. Esse é mais um desafio para nós educadores. Mãos à obra.  

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vidas Preciosas

Li na Folha de São Paulo. Durante toda a leitura, emocionei-me várias vezes. Passei um bom templo parado, refletindo sobre tudo que acabara de ler. Ora, impressionado com a beleza da criatura humana, nas pessoas de Jardel e Caroline; ora, indignado com a violência dos assaltantes. Preferi ficar mais tempo admirando o relacionamento do casal e o sonho que eles acalentavam de um mundo melhor. Por isso, divido com os meus amigos o texto, numa forma de homenagear esse belo casal.

(...) Depoimento a
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O servente de obras Jardel Alves do Nascimento, 24, presenciou a morte da namorada Caroline Silva Lee, 15, em um assalto no domingo em Higienópolis, região central de São Paulo. Jardel afirma que faltou ajuda quando tentava evitar a morte da garota. No HC (Hospital das Clínicas), diz ele, ela teve de esperar por socorro. O hospital, em nota, afirma que o atendimento foi imediato.

Veja seu depoimento:*

Foi tudo muito rápido. Vínhamos conversando sobre minha tatuagem, que ela queria retocar pela manhã, e de sua primeira aula de acupuntura marcada para às 9h.

Eles chegaram dizendo "passa a bolsa, passa a bolsa." Foi um susto. Eram dois. Um deles estava armado.

Não reagimos. Apenas tentei puxar Caroline para atrás de mim, escondê-la, mas não deu tempo. Um veio por trás e puxou minha mochila.

O outro ficou agarrado na mochila dela. Ela não queria entregar. "Eu vou atirar, eu vou atirar", dizia ele.

O mais valoroso na mochila, para ela, não eram os celulares. Eram seus desenhos que adorava fazer e seus materiais de escola. Ela adorava estudar. Tinha uma bolsa de estudo do colégio São Luís.

O rapaz encostou a arma e puxou o gatilho. Não tive como reagir. Ele atirou com a arma próxima ao corpo dele. Não esticou o braço. Com certeza ele é um ladrão experiente. Fugiram sem demonstrar nenhum arrependimento.

Caroline caiu. Só tinha um pouco de sangue na boca e um raspão no olho. Nem percebi onde os tiros pegaram. Só fiquei sabendo depois.

Corri para o meio da rua para pedir ajuda. Ninguém parava. Ninguém me ajudava.

Tive de sair da frente dos carros para não ser atropelado. Uma mulher da janela de um prédio gritou que estava chamando socorro.

Tentei fazer respiração boca boca, fazer massagem cardíaca. Ela tinha asma. Tentava não deixá-la apagar de vez.

Passaram-se mais de dez minutos até as pessoas desceram dos prédios. Caroline já estava sem pulsação. Não adiantava mais.

No hospital, ainda ficou numa maca esperando para ser atendida. A médica disse que não poderia atender naquela hora porque a sala estava lotada. Mesmo se tivesse alguma chance, Caroline não teria sido salva no Hospital das Clínicas.

Deveria ser obrigatório os políticos utilizarem o mesmo sistema de saúde que oferecem às pessoas. Eles estão de boa porque não precisam.


Eduardo Knapp/Folhapress



'QUE SOFRAM'

Para muitas pessoas que estão no poder, eu sou um lixo. Mas meu propósito sempre foi ajudar as pessoas. Ter uma sociedade melhor.

Caroline pensava da mesma forma. Até por isso a gente se amava. Eu sou muito difícil de me apegar às pessoas. Com ela foi diferente.

Fazia um ano que morávamos juntos. Morávamos de favor na academia Arte Nobre. Sou faixa verde em Kung Fu, ela era vermelha.

Ela veio morar comigo, faz cerca de um ano, para me alimentar. Eu tinha acabado de perder o emprego, estava arrasado, ela usava seu vale refeição. Eram R$ 200 mensais.

Muitas vezes chegava o final no mês e o dinheiro tinha acabado. Ela nunca reclamou. Comia o que eu comia.

Ela não era apegada a coisas materiais. Eu nunca consegui pagar um almoço melhor para ela. Mas Caroline nunca reclamou disso.

A gente viveu o mais simples possível. Ela nunca quis ser algo que não poderia ser. Éramos contra o capitalismo.

Queríamos a faixa preta e montar juntos uma academia em Cascavel, no Paraná, onde moram parentes meus.

A primeira regra da nossa academia é treinar o corpo e o espírito para a paz.

Infelizmente, meu desejo é que aqueles três sofram. Sofram o mesmo que sofro hoje.

Conheci Caroline na Augusta há um ano e meio. Ela estava com a melhor amiga, Beatriz. A mesma que foi cumprimentar na noite de sua morte.

O que me impressionou foi como era responsável apesar da pouca idade. Tinha uma ideia forte que a gente não vê.

A acupuntura era muito importante para ela. Era uma forma de homenagear a profissão e a memória do pai.

Ela também queria ser tatuadora. Desenhava muito bem. Tenho uma tatuagem no peito feita por Caroline. Eu criei a frase, eu gosto de vampirismo, e ela tatuou. Deixei ela treinar no meu corpo. Ela queria retocar pela manhã.

Minha próxima tatuagem será em homenagem à Caroline. Ela tinha uma tatuagem de um símbolo chinês que significa eternidade.

Para mim, ela será eterna.


Jornal Folha de São Paulo

QUARTA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A liberdade na Internet


O avanço tecnológico é algo maravilhoso e de extrema necessidade. Mas, o uso indevido, tem trazido sérios prejuízos para a humanidade. Nem sempre o progresso na tecnologia corresponde à melhoria do bem estar do ser humano. Isso é muito preocupante, pois transforma aquilo que seria uma bênção em algo que pode se tornar uma grande maldição, prejudicando sobremaneira a vida e o relacionamento das pessoas. Para inibir essa situação, atitudes precisam ser tomadas e, para tanto, ter coragem é fundamental. Não devemos hesitar em tomar decisões, mesmo as que não agradam as pessoas, quando há excesso de uso ou desvio de finalidade do avanço tecnológico.  O líder não deve temer, quando necessário, utilizar a regulação, estipular os limites. A retrospectiva histórica aponta para a regulação. Inicialmente, a propriedade, o poder familiar, a supremacia masculina, a liderança religiosa, o uso de som, os gastos públicos, o processo eleitoral e tantos outros quase não sofriam restrições.  A liberdade era total. Hoje, essa concepção perdeu sua força. O conceito atual é de uma liberdade relativa.  Assim, o uso da internet deve ser livre, mas responsável, competindo àquele que exerce função de liderança, em casa, na escola, na empresa ou na sociedade, ter a coragem de regular o seu uso. Basta não esquecer que tudo deve ser feito com harmonia, bom senso, legalidade, propósitos educacionais, visando o bem estar da pessoa e da comunidade. É disso que a sociedade precisa.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

domingo, 16 de setembro de 2012

Conflito Saudável


Na vida moderna, quase sempre nos deparamos com situações conflitantes. De tanto ocorrer, já criamos certo pavor a conflitos. Fugimos deles. Preferimos evitá-los. Pensamos que assim é melhor para nós. Realmente, no início temos a sensação de alívio. Por isso, repetidas vezes, fugimos. Só que ele retorna. Não nos deixa quietos por muito tempo. A sensação que evitamos foi passageira. É semelhante a uma gripe ou inflamação mal curada. Ela retorna. Mais forte ainda.
Pode não ser fácil administrar situação conflituosa, mas, com certeza, é edificante. Vale à pena tentar, ir em frente. Algumas situações são até fáceis. Outras, nem tanto. E tem aquelas que são difíceis.
Das mais fáceis, podemos citar aquela em que entramos em conflito sempre que nos encontramos com determinada pessoa ou quando tratamos com ela de certo assunto. A solução seria diminuir o contato com essa pessoa ou evitar tratar com ela temas polêmicos. A amizade continua, as brigas diminuem e os desgastes desaparecem. Assim, você evita conflitos desnecessários, sem afastar ou excluir a pessoa.
As relativamente difíceis exigem mais cuidados. Podemos tomar como exemplo os conflitos constantes com pessoas da família ou colegas de trabalho. Nesse caso, fica mais difícil evitar contatos ou certos assuntos. Não é fácil evitar. Parece até que o jeito é sofrer com a situação ou romper com o relacionamento. Mas, tem solução mais sábia – enfrentar os pontos conflitantes e contornar as divergências. Não é fácil, mas é possível.
As mais difíceis exigem muita mais competência e sabedoria. O primeiro passo é enfrentar o conflito. Isso leva a uma reflexão profunda sobre as verdadeiras causas. Ajuda a definir como administrar o conflito. Ajuda também a identificar a mudança de postura. Como exemplo de situações conflitantes com elevado grau de dificuldade, podemos citar a busca de posicionamento correto com relação aos conflitos e questionamentos de ordem profissional, espiritual, amorosa, corporal, relacional e como cidadão. Esses conflitos são angustiantes. E o melhor é mesmo enfrentar um a um, até encontrar uma definição que traga a paz e produza a felicidade. Por incrível que pareça, é salutar e indispensável haver o conflito. Neles, aprendemos e crescemos. Entendemos melhor a vida e as pessoas. Ficamos mais preparados para outros embates e conflitos. Gera amadurecimento. Atingimos a plenitude da vida.
Um maravilhoso exemplo de conflito saudável encontrei numa entrevista recente com o escritor e filósofo Suiço, Alain de Botton, que ficou famoso ao colocar a filosofia a serviço da vida cotidiana. Seus escritos lançam um olhar filosófico sobre questões existenciais contemporâneas. Depois de comentar sobre os mais diversos problemas existenciais do nosso tempo, o entrevistador perguntou se ele se arriscaria a apontar aquele que é o maior drama existencial hoje em dia, ele respondeu: “o conflito entre a ganância individual e o bem estar coletivo”.  Fiquei perplexo e feliz. Perplexo, porque já sabia da individualidade reinante, mas desconhecia do conflito quanto ao coletivo. Fiquei feliz por saber que o homem moderno pensa no individual, porém a maioria já se preocupa e se angustia quanto ao destino do coletivo. Preocupar-se, para mim, já é um grande passo, aliás, o passo mais importante. Sem ele nunca ocorrerá mudança de conduta.
Nesse sentido, existem três tipos de pessoas: 1- as que sempre se preocuparam com o outro, com o coletivo; 2- as que começaram a se preocupar e buscam uma nova postura; 3- as que continuam se regendo apenas pelo individualismo. Reflita sobre qual dos três você faz parte. Dependendo da resposta, parabéns; siga em frente, você consegue; ou cuidado, mude enquanto é tempo.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Brasil, a independência e o prazer de ensinar.


Quando se aproxima a Semana da Pátria, o nosso coração sempre é invadido de muitos sentimentos. Às vezes são até conflitantes. Ora, vem a certeza de que estamos indo bem e que o nosso futuro será melhor ainda; ora, ficamos inseguros e tememos o que há de vir. Essa oscilação é normal. Afinal, somos ainda muito novos e as conquistas têm sido lentas. Há ainda muito que fazer. E isso nos angustia. Porém, qualquer que seja o sentimento, uma coisa é certa – precisamos avançar. E rápido.
O nosso maior desafio hoje é a educação. Sem ela fica difícil encontrar soluções para os problemas de segurança, saúde, cidadania, crescimento econômico sustentável e da desigualdade social. A escola não vai bem e isso nos incomoda, pois atrasa, e muito, as soluções dos nossos graves problemas. Ainda bem que o assunto está na pauta do dia de todas as famílias e de toda a sociedade. Isso é muito bom.
Todavia, se o desejo de educar não vier acoplado às práticas do dia a dia, os resultados permanecerão lentos. Daí a necessidade de incluirmos em nossa rotina, em cada momento, práticas educativas, diuturna e incansavelmente. Nos mínimos detalhes. Até que alcancemos coletivamente a plenitude do saber.
Da mesma forma que o sentimento de independência nos impulsionou a grandes conquistas, o prazer de ensinar precisa invadir o nosso coração para chegarmos a ser um povo verdadeiramente educado. O ensinar tem que se tornar algo rotineiro e prazeroso em nosso proceder diário. Ensinar a comer, a dormir, a se levantar, a andar, a sorrir, a ser útil, a ser feliz, a economizar, a ler, a estudar, a pensar, a abrir e fechar a porta do carro, a atravessar uma rua, a arrumar uma mala, o quarto, a cama, a dormir, a escovar os dentes, a tomar banho, em tudo isso há um segredo e uma forma de realizar da melhor forma possível.
Certa vez, um adolescente ajudava o pai na loja de tintas. Lá vendia solvente por litro e era retirado de um tambor grande, através de uma pequena torneira. Ele foi encher uma garrafa, mas não deu para completar. Precisava saber se ainda havia solvente e teve a iniciativa de iluminar dentro do tambor com um palito de fósforo. Quando ele fez o gesto de acender o fósforo, o cliente gritou “não faça isso, ele vai explodir e inutilizar o seu rosto”. Essa pessoa informou que solvente era altamente explosivo e ensinou o adolescente a levantar a parte final do tambor e o restante que tivesse sairia.
Admiro muito quem fica o tempo todo atento ao que acontece ao seu redor e não perde a oportunidade para ensinar algo a alguém, quem quer que seja. Esse prazer em ensinar deve contagiar e estar presente no sentimento de cada brasileiro, até se tornar uma mania nacional. Essa é a melhor forma de garantir a independência e nos tornarmos um povo sempre feliz.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com 

sábado, 1 de setembro de 2012

Uma conversa no elevador


Na vida moderna, elevador já faz parte da rotina do cidadão. Por alguns segundos ou poucos minutos, estamos de repende quase face a face com alguém. É o momento de definição: olhar ou evitar olhar; de cumprimentar ou não; de comentar algo ou ficar calado; de ficar a vontade ou incomodado; de ser simpático ou antipático; de curtir a pessoa ou rejeitá-la. Nessa ocasião captamos ou transmitimos tristeza, preocupação, desligamento, inquietação, pressa, raiva, tranquilidade, felicidade, paz ou amabilidade.  Não tem jeito. Quando saímos do elevador trazemos ou deixamos parte de tudo isso.
Trata-se, portanto, de uma grande oportunidade que surge, de repente, em nossa frente, para abençoar ou ser útil às pessoas. Pode, inclusive, ser a resposta de Deus para você ou aquela pessoa. Veja o que aconteceu comigo hoje pela manhã.
Por ser sábado, cedo tinha ido caminhar no jardim do edifício. Verifiquei dois jovens com farda de um dos bons colégios de Fortaleza, conversando nas cadeiras ao lado da piscina. Achei a cena linda. Quando fui subir no elevador, eles também foram. Ficamos, eles e eu, bem próximos, por questão de mais ou menos um minuto e meio. Perguntei que serie eles faziam. Responderam 2ª do Ensino Médio. Continuei, e aí já sabem qual curso superior pretendem fazer? Um disse não sei ainda. Tenho dúvidas. Eu afirmei que isso era normal. Sugeri que cada um deles escolhesse um dos cursos pretendidos e analisasse a fundo como ele é. Citei, por exemplo, Direito. É bom verificar quais as disciplinas que compõem o currículo, conhecesse tudo sobre o curso, entrevistasse algum profissional Advogado, Juiz, Promotor, Delegado e outros mais. Depois fizesse uma autoanálise e comparasse se era isso mesmo que ele queria ou se não tinha nada a ver com ele. Conclui a conversa ainda na porta do 5º andar, local que eu tinha de descer. A fisionomia deles era de compenetração, deglutindo tudo que eu falava. Demonstravam enorme prazer em ouvir o que eu falava.
A felicidade deles me contagiou. Chequei no apartamento morto de feliz. Agradeci a Deus aquele momento. Pedi para que Ele abençoasse àqueles dois jovens na escolha profissional. Fiquei preocupado e pensando: será que as escolas de Ensino Médio estão realmente cuidando bem de seus alunos, no tocante aos seus questionamentos pessoais? E a família tem feito algo? Tomara que sim.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

domingo, 26 de agosto de 2012

Aprendendo a lidar com perdas


Luana Andrade é uma Psicóloga dotada de muita competência. Lida com maestria os problemas relacionados ao ser humano. Escreve e se posiciona muito bem. Adoro ler seus textos. São preciosos. Ajudam ao crescer como pessoa. Recentemente, ela publicou um artigo no Jornal O Povo que aborda o problema das perdas. Transcrevo para os meus amigos e leitores, por entender que o texto vai ajudar muita gente a lidar com as perdas que ocorrem ao longo da nossa vida. Bom proveito.

A experiência de perder alguém que amamos traz muita dor e nos coloca diante de intensas e difíceis emoções, que podem dar a impressão de que a vida nunca mais será a mesma. Em se tratando de crianças, o problema se torna ainda mais delicado, pois os adultos frequentemente apresentam dificuldades em tratar do tema com seus filhos.
Desde crianças, aprendemos a ter, a ganhar e a acumular, mas é rara a educação e a preparação paras as perdas, especialmente para a morte. É comum que os pais, buscando proteger os filhos da dor e das frustrações, evitem e camuflem o assunto, envolvendo-os em uma bolha e dando-lhes a falsa sensação de que tudo é para sempre, poupando-lhes indevidamente das menores perdas cotidianas, como a perda de um brinquedo, a derrota em jogos e o falecimento de um animal de estimação.
Os pais devem ter em mente que a preparação para lidar com a morte é possível e deve ser iniciada na infância, a fim de que as perdas futuras, na fase adulta, sejam menos traumáticas. É recomendado que os pais sejam honestos ao responder às dúvidas das crianças sobre a morte, observando a linguagem apropriada e evitando ao máximo explicações fantasiosas, que, cedo ou tarde, serão descobertas.
As crianças são capazes de perceber a tristeza familiar e sentem quando algo não vai bem, o que, quando não é esclarecido, pode gerar confusão em sua mente, trazendo-lhe sentimentos de culpa, de angústia e de exclusão da família. Crianças podem ir a velórios, podem ver adultos chorando e devem ter a oportunidade de se despedir dos seus entes queridos, fase importante para a superação do luto. Embora isso possa soar doloroso, deve-se incutir nas crianças, desde cedo, a ideia de que as pessoas não duram para sempre, o que certamente as ajudará a lidar com as perdas inerentes à vida humana.
As crianças, desde que ensinadas para tal, têm grande capacidade de assimilar o sentimento de perda e de elaborar o luto, concebendo-o como um processo natural. É necessário que os pais atentem para essa necessidade e não se furtem, por pena, de preparar os filhos para lidar com a dor.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mudança de Moradia e de Estilo de Vida.


Mudar é uma exigência da vida moderna. Muda-se de emprego, de curso, de igreja, de cidade, de bairro, de carro, de amizades, de amor... e assim vai. Mas, às vezes, a mudança é apenas uma imposição da idade. Esse é o meu caso. Morei de janeiro de 1974 a julho de 2012, na mesma casa. Foram, portanto, 38 anos e 7 meses. Eu e Solange fomos para lá com apenas uma filha, a Andréa, mas depois nasceram os demais, Hildebrando, Eduardo e Rafael. Nessa casa, fomos felizes em todos os momentos de nossa vida. Lá curtimos a nossa vida conjugal, a infância deles, a adolescência, a juventude e a vida adulta. A casa é a nossa cara! Depois, cada um foi encontrando o seu amor, definindo a sua vida conjugal e construindo o seu novo lar. Assim, fomos devagar ficando sós. Por um bom tempo, isso não nos incomodou. Só depois é que começamos a perceber que a casa era grande demais para nós dois, mesmo tendo, a partir de 2010, a companhia extremamente agradável do Rafa e da Megan. A nossa idade foi avançando, chegamos na maturidade plena, já somos idosos. Ai, decidimos que era melhor morar em apartamento, de preferência em um condomínio bem gostoso, com uma área livre digna de se gostar. Encontramos. Amamos o amplo local e o apartamento pequeno, mas muito gostoso.
A mudança de moradia exigiu uma mudança no nosso estilo de vida. Essa foi a parte mais desafiadora. Foi um repensar total! Mais de 38 anos numa casa grande criou em nós, um tipo de estilo de vida. Agora tinha de ser construído outro, bem diferente. Conseguimos. Estamos curtindo o novo tempo. Para tanto foi necessária muita mudança: de arquivo, de móveis, de hábitos e de curtir as coisas. Não foi fácil desprender. Mas, sentimos que era necessário. Foi o que fizemos, embora em certos momentos, a angústia e a insegurança nos ameaçavam. No fim, deu tudo certo. Já estamos adaptados e felizes. Curtindo o nosso novo tempo. Considerando se tratar de uma experiência exitosa, compartilho com os meus amigos e leitores. Agradeço a Deus a Sua presença constante. O momento era delicado. Sem Ele seria impossível o acerto tão desejado. Peço que Ele ajude e abençoe a todos aqueles que precisam passar por mudanças.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A beleza da figura paterna.


Criado o primeiro casal e dada a ordem “crescei e multiplicai”, nada mais faltava. Passou a existir o primeiro pai. Imagino as primeiras dificuldades! Mas, tudo deu certo. Daí em diante haja pais nessa terra. Cada um com estilo diferente, mas todos, pais. Durante muito tempo somente a função de pai era ser provedor. Depois, passou também a exercer as funções espirituais, como que sendo o sacerdote da família. Logo teve de defender a família, passando exercer também a função militar. Progrediu para Rei e Juiz da família. Haja poder e responsabilidade. Com o surgimento da sociedade organizada, muitas  das funções foram delegadas, a família ficou menor e passou novamente a ser apenas pai. Mesmo assim, com muito poder, pois a mãe era simplesmente uma ajudadora. Com a modernidade a família sofreu grandes mudanças. A mulher era mais do que apenas mãe. Ela passou a trabalhar e ajudar no sustendo da família. Seus direitos foram ampliados. O pai teve suas responsabilidades diminuídas e seu poder dividido. Na pós-modernidade já há família que não precisa de pai.
Tudo isso foi lembrado com um único propósito – o pai, com raríssimas exceções, sempre correspondeu às exigências do seu tempo. Vejo isso na história e na minha própria história. Meus dois avôs, meu pai, meu sogro, eu mesmo, meus filhos, fomos e somos bem diferentes um do outro, mas todos nós exercemos competentemente o ser pai. Dignos de uma Medalha Olímpica de Ouro. Afirmo o mesmo com relação aos colegas dos meus filhos. Todos na faixa de 25 a 40 anos. Vejo neles uma paixão em ser pai. Acho lindíssimo vê-los indo ao médico, à escola, à igreja, nos passeios, no aeroporto, na rodoviária, nas praças e em casa cuidando maternalmente dos filhos. É impressionante como os pais correspondem aos desafios de sua época. Isso me encanta muito. E é por isso que hoje desejo abraçar carinhosamente a todos os pais e pedir que Deus, o Pai Maior, abençoe ricamente a todos eles.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Boa Preocupação


A preocupação em si, como quase tudo na vida, pode se tornar algo bom ou ruim. Depende, e muito, de sua dosagem ou do modo como é administrada. Há preocupação que é fixa e trás perturbação a ponto de produzir sofrimento. Nesse sentido, atrapalha mais do que ajuda. Jesus Cristo expos essa opinião a Marta, irmã de Maria Madalena – “Marta, saiba que Maria escolheu a melhor parte”. Procedeu do mesmo modo quando proferiu o famoso Sermão do Monte – “não andeis inquietos com o dia de amanhã”. Sobre essa preocupação doentia, fico apenas no comentário já citado. Recomendo que cada um, inclusive eu, analise se tem ou não trilhado por esse caminho.
Agora, um pouco da minha experiência com a boa preocupação. É esse tipo de preocupação que deve ocupar espaço em nossa mente. Claro que não podemos fugir da preocupação em si, pois sem ela, a vida se torna um pouco fora da realidade. Mas, é necessário que seja administrada de forma inteligente, aliás, de forma sábia. Como atitude de quem formulou um projeto e visa a um resultado. Pode ser um projeto conjugal, amoroso, profissional, espiritual, educação dos filhos, financeiro, do corpo, do lazer, do ser feliz, de ver os seus felizes e bem sucedidos e tantos outros mais. Na Bíblia existem bons textos nesse sentido. O Sábio Salomão, o Rei Davi e o próprio Jesus Cristo fizeram bons comentários sobre o assunto. Pois bem, vejamos uma área de uma boa preocupação, que vivenciei por muitos anos como pai e como colaborador das famílias de meus alunos - o namoro dos filhos. Preocupar-se em saber, de forma elegante e sincera, quem é a pessoa amada; o que ela pensa sobre diversas ideias e valores; quem são seus pais e como vivem; quais são os seus planos de vida; o que e quem pretende ser. Tudo isso e muito mais, porém calmamente, durante as convivências e diálogos ao longo do relacionamento. Mesmo com pouca idade é importante ir conversando com o filho ou a filha sobre todas essas preocupações que você tem, compartilhando e alterando com ela ou ele, à proporção que for existindo, todo os seu projeto de vida para eles sobre o namoro. A boa preocupação é dividida em gotas, em quantidade certa e em momentos programados. Tipo mesmo remédio homeopático. Requer programação, constância, paciência, equilíbrio, sinceridade, explicações, convencimento, cumplicidade, amor, amor e muito amor. 
Gostaria muito de me alongar sobre o assunto, mas vou parar por aqui. Desejo que Deus abençoe você nessa caminhada da vida, dando-lhe o dom de praticar a boa preocupação.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

sábado, 14 de julho de 2012

O Morador de rua e o Senador.


O título não é meu. O texto também não. Ambos me conquistaram. Logo que li me encantei. Pedi permissão e obtive para postar no meu blog. Trata-se do artigo publicado no Jornal O Povo de ontem, escrito por Regina Ribeiro, Editora das Edições Demócrito Rocha. Procedo dessa forma, toda vez que me deparo com matéria que me toca a alma por enaltecer a dignidade do ser humano. O presente artigo faz colocações sérias e equilibradas. Passa pelo cinema, permeia pela literatura e desemboca no cotidiano da vida. Desperta um forte apelo à reflexão sobre o que acontece em nossa volta. Eis o texto na íntegra. Bom proveito.
Caso você ainda não tenha assistido ao filme Sombras da Noite, de Tim Burton, seria algo interessante de fazer neste fim de semana. A história é simples e põe na tela um vampiro, personagem tão apreciado nos últimos anos e que se tornou best-seller com a saga Crepúsculo que dispensa comentário. O vampiro Barnabas Collins (Johnny Depp) é disparado muito, mas muito mais interessante. A trama começa 196 anos antes, quando um rapaz filho de família tradicional e rica se transforma na paixão exagerada de Angelique, uma bruxa. Barnabas encontra seu verdadeiro amor em Josette.
Angelique decide se vingar de Barnabas matando Josette e transformando-o num vampiro acorrentado num túmulo. Em dois séculos, a família Collins perde riqueza, prestígio, sobrando apenas a velha mansão que mais parece uma catedral gótica mal-assombrada.
A história começa pra valer assim que Barnabas é reencontrado por trabalhadores durante umas escavações. O vampiro sedento retoma à vida no ano de 1972 e vai em busca do que restou da família. A partir daí, a crítica mal humorada que me perdoe, o filme se transforma em pura diversão. A ambientação da década de 1970, com seus personagens e valores, é o estranho mundo onde Barnabas tentará se equilibrar. A família – ou que sobrou dela - é um perfeito desastre e exibe aqueles ingredientes da nobreza falida: todos têm apego ao dinheiro e ao que restou da fase áurea, mas há em perspectiva o desonesto por opção, os sobrinhos no limite da falta de juízo, a psiquiatra louca e uma espécie de matriarca que tenta juntar as pontas do tempo.
Burton parece gostar das sombras. Elas sempre refletem o real, mas deformando, criando ilusões e brechas para a mais completa irrealidade. Afinal de contas, o mundo da década de 1970 era estranho até mesmo para quem nele vivia. E Barnabas é semelhante a qualquer um que não entende, em qualquer época da vida, o que está acontecendo em sua volta. Que tem em comum aquela sensação de estranheza, de sobressalto quando se depara com situações improváveis. Por exemplo: que mundo tão doido é este onde um morador de rua encontra dinheiro e devolve e, no dia seguinte, um senador da República, que se deixa chafurdar no submundo do dinheiro ganho a qualquer custo, é cassado? Burton fez, sem dúvida, um filme ótimo. E hoje é sexta.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Sites de Relacionamentos – origem e adaptações.


A tecnologia assusta. As novidades são a cada instante. Em meio a essas novidades, surgiu uma que preocupou muito, e ainda preocupa, os pais e educadores. Trata-se dos sites de relacionamentos. 
Para mim, esse medo é maior do que o real.
Digo isso, porque de novidade mesmo, só tem o site (internet). O relacionamento em grupos e em locais para onde convergiam os amigos, ou parentes, sempre existiram. Podia ser na calçada da casa, na esquina, debaixo da mangueira, no bar mais próximo, na saída do colégio, nos bancos da praça ou em qualquer outro lugar. O fato é que agente passava hora e horas conversando. Nossos pais ficavam preocupados com o que e com quem estávamos conversando horas e horas. Temiam assuntos perigosos e prejudiciais. Quando tinha um “estranho” no meio, ai a coisa complicava e a preocupação era maior ainda.
As preocupações eram as mesmas de hoje: o enorme tempo destinado a conversas; o dormir tarde; a concorrência com os estudos; o conteúdo da conversa; as pessoas envolvidas; a presença de estranhos; o que estavam fazendo e tantas outras mais.
Fazendo um paralelo entre essas conversas e os sites de relacionamentos, identifiquei duas diferenças básicas. 1- a conversa passou de real para virtual, ou seja, de presencial para a distância; 2- no real ou presencial, a maior preocupação era o contato físico, embora mais fácil de monitorar, enquanto no virtual ou a distância, o acompanhamento tornou-se mais difícil por envolver pessoas distantes, desconhecidas e de cultura e valores bem diferentes.
A minha intenção ao expor essas considerações é suavizar possíveis tensões e preocupações dos pais e educadores com relação à participação dos filhos nos sites de relacionamentos. Nossos pais tiveram também tensões e preocupações com os grupos de amigos com quem nós tanta conversávamos. A conversa física, depois de algum tempo “evoluiu” para ser por carta ou por telefone. Isso tudo era exatamente o site de relacionamentos da nossa época. Nossos pais passaram por isso e nós aqui estamos inteiros e felizes. Eles e nós soubemos administrar a situação. Não vai ser diferente com relação a nós e aos nossos filhos hoje. Nós e eles também podemos administrar bem essa situação e eles, com certeza, vão seguir o seu caminho, mesmo com os sites de relacionamentos, e serão muito felizes, com as bênçãos de Deus. A convivência é algo fantástico. Educar é simplesmente algo maravilhoso. Pode ir em frente, sem medo e sem traumas. Com zelo, paciência e cuidado, tudo vai dar muito certo. Acredite.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com

sábado, 30 de junho de 2012

UM MES DE FACEBOOK



       A AMIZADE VIRTUAL É REAL. EXISTE MESMO!
                             PODE ACREDITAR.

RELUTEI MUITO, MAS ACABEI CEDENDO. ENTREI NO FACEBOOK. 
NADA DE REJEIÇÃO. APENAS INSEGURANÇA POR NÃO SER PRÓPRIO DA MINHA GERAÇÃO.
MESMO SENDO IDOSO, ENTREI DE CORPO E ALMA PARA EXPERIMENTAR ESSE TIPO DE CONVIVÊNCIA.
COM UM MÊS, ESTOU ENCANTADO!
SÓ NÃO ESTOU VICIADO. O VÍCIO, SEJA QUAL FOR, SEMPRE ACABA DANDO PREJUÍZO. EVITO A TODO CUSTO.

O QUE CONSTATEI E CURTI NESSE GOSTOSO PERÍODO DE UM MÊS DE FACEBOOK ESTÃO EM PEQUENOS TÓPICOS ABAIXO:

O QUE CONSTATEI E CURTI NO MEU PRIMEIRO MES DE FACEBOOK.

1-    A afetividade claramente exposta nas expressões: “tenha uma boa noite”, “bom dia”, ou “feliz fim de semana”, “bom sono”, “durma bem” e tantas outras.
2-    A naturalidade em expor sentimentos: “ai que saudade”; “a saudade é um negócio estranho...”; “que vontade de comer uma pizza”; “estou triste”; “amanheci muito feliz”; “estou cansado, o trabalho foi puxado”.
3-    O humor para tornar a vida mais leve. Todo dia tem algo para agente rir.
4-     A variedade enooooormeeee de posicionamentos e opiniões.
5-    O respeito às pessoas, suas idéias e preocupações, mesmo divergentes.
6-    A tolerância às brincadeiras, gozações, infantilidades, irreverências...
7-    O meio ambiente levado a sério, através de fotos, frases, textos e posicionamentos.
8-    A prioridade na educação, com supervalorização e severas críticas.
9-    A defesa da cidadania, em todos os seus aspectos.
10-O combate ferrenho à corrupção.
11-A exaltação e valorização da família.
12-A fé em Deus.
13-A exposição e debate dos problemas sociais.
14-O amor pelo Brasil.
15-O zelo pela justiça.
16-A seriedade no trato dos problemas que afligem à criatura humana.
17-A coragem de criticar, com respeito, às bobagens divulgadas.
18- A rapidez com que a informação percorre e as suas reações.
19- A abrangência. Não há limite territorial e nem social.
20- O protesto. Sempre que necessário, lá vem o grito de protesto.
21- As pessoas especiais são verdadeiramente respeitadas, defendidas e amadas.
22- O clamor contra as injustiças, maldades, perseguições e maus tratos.
23- O rigor na ação fiscalizadora dos que atuam para dar segurança às pessoas. Qualquer deslize, a crítica sem piedade.
24- A espiritualidade como indispensável para o viver humano.
25- A condenação aos que utilizam a politicagem como meio de obter algo.
26- A indignação diante da impunidade, seja qual for a justificativa.
27- O amor às crianças.
28- O carinho pelos animais.
29- A sinceridade em considerar inútil algo sem graça ou sem propósito.
30- A timidez de alguns e o excesso de exposição de outros.

José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com