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O objetivo principal deste blog é edificar vidas.

Os artigos e informações aqui contidas visam tão somente tornar as pessoas mais conscientes de si; seguras na busca do entendimento sobre o mundo, os fatos, as pessoas; acreditem mais na construção de um mundo melhor e na beleza da criatura humana. Bom proveito !

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Quem nos corrige?

Até certa idade somos corrigidos por nossos pais. Quando criança, ao errarmos, recebemos deles a explicação, a correção e, às vezes, a punição. E aí aprumamos o nosso barco, seguimos o caminho certo. E assim que somos criados. Se não todos, pelo menos uma boa parte.
Todavia, chega o tempo que já não temos ou não mais aceitamos a figura dos pais como orientadores. O passar da idade nos faz adultos e, como tais, responsáveis pelos atos que praticamos. Certos ou errados dirigimos a nossa própria vida. Atingimos a chamada fase da autonomia.
Sendo a sociedade dirigida por jovens adultos ou adultos plenos, que mecanismos dispomos para orientá-los quando estão errados? Via de regra, como adultos, sentimo-nos amadurecidos e não queremos receber ajuda de ninguém. Nem como orientação, muito menos como advertência.
Ficamos sozinhos, a procura de caminhos ou alternativas para seguirmos a caminhada que nos leve ao porto do acerto e da felicidade.
Por muito tempo foi usado pelo adulto a figura do ancião como conselheiro, visto que, pela idade, ele já possuía experiência suficiente para orientar os mais jovens. Foi assim por muito tempo e a história aí está mostrando a figura dos sábios, ao lado dos grandes reis.
Hoje, porém, isso não é mais possível Os costumes mudam tão rapidamente que a experiência do mais velho já não serve, uma vez que a realidade já não é mais a mesma. Isso nos faz distantes dos mais experientes e por via de conseqüência ficamos mais expostos a aventuras desagradáveis.  Claro que essa rapidez de mudança não justifica a distância, uma vez que as experiências vividas, embora em épocas diferentes, tiveram por base os mesmos princípios que norteavam a decisão. A análise das experiências do meu avô ou de meu pai, no enfrentamento dos desafios da vida, serve para mim, porque para ele o problema enfrentado era tão grande quanto ao meu hoje. A diferença está apenas nos detalhes e na forma como ocorreu, mas semelhantes em noções e princípios de vida. Aplica-se aqui a ótica de Shakespeare: “Briga-se por uma palha, quando isso vale um princípio”
 Mas, quando erramos, quem vai nos corrigir?
 Se no serviço, o nosso chefe?
Se no trânsito, o guarda?
Se na escola, o professor ou a direção?
Se na fé o padre ou o pastor?
Se na profissão, o cliente ou o paciente?
Se na sociedade, a lei?
Se em família, o cônjuge, os filhos ou outros parentes?
E se for dirigindo um bugre na praia onde freqüenta muita gente? Ou se for comandando, sem o devido cuidado, uma navegação com muitos passageiros e tripulantes? Se for desmatando a Amazônia ou destruindo plantas na cidade? Se for dirigindo uma empresa sem ligar para o equilíbrio entre o capital e o trabalho? Se for dirigindo um órgão público sem a seriedade que o cargo requer? Se for construindo, sem os cuidados necessários, um prédio onde vai morar ou trabalhar pessoas? Se for na vida a dois, sem o respeito que o bom senso recomenda?
Quem corrige o adulto? Ele mesmo, alguém próximo ou a sociedade?
Vivemos uma época em que realmente não sabemos com certeza quem vai corrigir as falhas dos adultos e os desmandos que diariamente vemos em nossa sociedade. Alguém mais simplista pode dizer: O governo! Mas não, enquanto apenas governo, pois, se assim fosse, não teríamos erros constantes, uma vez que sempre tivemos governo. Pode o governo, porém no sentido mais amplo e legítimo, incluindo os demais poderes e órgãos, ou seja, no sentido de representante nosso naquela função. Se juiz, em nosso nome para julgar; se prefeito, em nosso nome para administrar; se deputado, em nosso nome para legislar; se inspetor de saúde, em nosso nome para zelar pela saúde; se chefe de segurança, em nosso nome para nos dar segurança; se líder sindical, em nome da categoria para defender seus direitos. Nós somos a sociedade, nós fazemos o governo, o poder público. Por esta razão, nós é que nos corrigimos. Nós é que corrigimos o outro. Nós é que criamos o caos e nós é que temos de transformá-lo em ordem.
Chegamos assim a uma valorosa e preocupante conclusão de que nós mesmos somos os principais responsáveis pela correção de nossos erros. Essa verdade aumenta e muito a nossa responsabilidade, pois ninguém, a rigor, pode fazer isso em nosso lugar. A não ser, claro, que utilizemos da salutar escolha de alguém que nos socorra e nos dê uma luz. A verdade é que devemos reconhecer nossos erros e nos corrigir. Reconhecer os próprios erros é muito bom! Aceitar a correção por parte de alguém ou com ele aprender algo, é um ato de sabedoria. Proteger a sociedade e as pessoas de serem vítimas do erro de alguém é um ato de cidadania. Assim procedendo, estaremos trilhando o melhor caminho para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz. 



José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com