Na vida moderna, quase sempre
nos deparamos com situações conflitantes. De tanto ocorrer, já criamos certo
pavor a conflitos. Fugimos deles. Preferimos evitá-los. Pensamos que assim é
melhor para nós. Realmente, no início temos a sensação de alívio. Por isso,
repetidas vezes, fugimos. Só que ele retorna. Não nos deixa quietos por muito
tempo. A sensação que evitamos foi passageira. É semelhante a uma gripe ou
inflamação mal curada. Ela retorna. Mais forte ainda.
Pode não ser fácil administrar
situação conflituosa, mas, com certeza, é edificante. Vale à pena tentar, ir em
frente. Algumas situações são até fáceis. Outras, nem tanto. E tem aquelas que
são difíceis.
Das mais fáceis, podemos citar
aquela em que entramos em conflito sempre que nos encontramos com determinada
pessoa ou quando tratamos com ela de certo assunto. A solução seria diminuir o
contato com essa pessoa ou evitar tratar com ela temas polêmicos. A amizade
continua, as brigas diminuem e os desgastes desaparecem. Assim, você evita
conflitos desnecessários, sem afastar ou excluir a pessoa.
As relativamente difíceis exigem
mais cuidados. Podemos tomar como exemplo os conflitos constantes com pessoas
da família ou colegas de trabalho. Nesse caso, fica mais difícil evitar
contatos ou certos assuntos. Não é fácil evitar. Parece até que o jeito é
sofrer com a situação ou romper com o relacionamento. Mas, tem solução mais
sábia – enfrentar os pontos conflitantes e contornar as divergências. Não é
fácil, mas é possível.
As mais difíceis exigem muita
mais competência e sabedoria. O primeiro passo é enfrentar o conflito. Isso
leva a uma reflexão profunda sobre as verdadeiras causas. Ajuda a definir como
administrar o conflito. Ajuda também a identificar a mudança de postura. Como exemplo
de situações conflitantes com elevado grau de dificuldade, podemos citar a
busca de posicionamento correto com relação aos conflitos e questionamentos de
ordem profissional, espiritual, amorosa, corporal, relacional e como cidadão.
Esses conflitos são angustiantes. E o melhor é mesmo enfrentar um a um, até
encontrar uma definição que traga a paz e produza a felicidade. Por incrível
que pareça, é salutar e indispensável haver o conflito. Neles, aprendemos e
crescemos. Entendemos melhor a vida e as pessoas. Ficamos mais preparados para
outros embates e conflitos. Gera amadurecimento. Atingimos a plenitude da vida.
Um maravilhoso exemplo de conflito
saudável encontrei numa entrevista recente com o escritor e filósofo Suiço,
Alain de Botton, que ficou famoso ao colocar a filosofia a serviço da vida
cotidiana. Seus escritos lançam um olhar filosófico sobre questões existenciais
contemporâneas. Depois de comentar sobre os mais diversos problemas
existenciais do nosso tempo, o entrevistador perguntou se ele se arriscaria a
apontar aquele que é o maior drama existencial hoje em dia, ele respondeu: “o conflito entre a ganância individual e o
bem estar coletivo”. Fiquei
perplexo e feliz. Perplexo, porque já sabia da individualidade reinante, mas desconhecia
do conflito quanto ao coletivo. Fiquei feliz por saber que o homem moderno
pensa no individual, porém a maioria já se preocupa e se angustia quanto ao
destino do coletivo. Preocupar-se, para mim, já é um grande passo, aliás, o
passo mais importante. Sem ele nunca ocorrerá mudança de conduta.
Nesse sentido, existem três tipos de pessoas: 1- as que sempre se preocuparam com o outro, com o
coletivo; 2- as que começaram a se preocupar e buscam uma nova postura; 3- as
que continuam se regendo apenas pelo individualismo. Reflita sobre qual dos
três você faz parte. Dependendo da resposta, parabéns; siga em frente, você consegue; ou cuidado, mude enquanto é
tempo.
José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com
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