Li o texto a seguir, escrito por uma
educadora que conheço e admiro muito. Narra as dificuldades que inúmeros pais
encontram por ocasião da matrícula de seu filho com Necessidades Educativas
Especiais. A indignação da educadora tem sentido. Merece uma boa reflexão.
TEMOS MUITO A APRENDER E A ENSINAR. Nos preocupamos muito com os alunos que saem de uma
escola considerada "pequena" e ingressam nas chamadas
“grandes escolas”. Essas crianças são frutos, muitas vezes, de 8 até 10 anos da dedicação de
"grandes" profissionais. E, para nossa satisfação, são
academicamente bem preparadas,
alunos críticos e participativos. São crianças “normais” e aceitas
em qualquer escola, independente do tamanho que tenha.
Mas o que dizer dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE)? Temos
grande preocupação com o futuro dessas crianças. Já visitei algumas escolas que
deveriam receber esses alunos, e sempre fico decepcionada com o que
escuto: "Não estamos preparados para receber esses alunos”, ou “não temos
vagas”, (o que, às vezes, pode até ser verdade), ou “não temos profissionais
para acompanhá-los” ou ainda, o que é pior, “o aluno não atingiu o perfil no
teste de seleção”.
Até quando esses e outros absurdos
continuarão a acontecer? Quando essas escolas vão acatar a lei? Quando irão
deixar de promover apenas “alunos medalhas” e passar a promover a dignidade e a
justiça?
O acesso a educação para todos é uma
realidade e um direito. Quando irão entender que o movimento de uma escola
plural é mundial e inadiável?
Existem, sim, leis e documentos específicos que reafirmam e garantem o acesso a todos
e destaca a inclusão das pessoas com NEE, entre elas, as que apresentam
deficiência. É uma desculpa dizer que as escolas não estão preparadas, e
não irão estar nunca, se não começarem a enfrentar a realidade, e isso só
poderá acontecer quando abrirem suas portas e não apenas as rampas de acesso,
isso apenas, não é suficiente. É preciso romper com as barreiras, com os
preconceitos e com o medo do diferente. Alguns autores apontam que a educação
inclusiva sustenta-se numa filosofia baseada na igualdade, na solidariedade e
nos princípios democráticos. A convivência com o diferente só favorece a
aprendizagem. Portanto educação inclusiva não é favor, não é
concessão, não é só amor, é DIREITO, e é isso que precisamos entender de uma
vez por todas. O ideário da inclusão deve ser concebido como intervenção no real. Isto é, não se
deve admitir que o alunado permaneça do lado de fora esperando a escola ficar
pronta para recebê-los. Trata-se de mantê-la completamente aberta com a diversidade
e partir dela. Para isto, será necessário quebrar resistências, remover
barreiras físicas e atitudinais, enfrentando conflitos e contradições, revendo
estratégias de aprendizagens, com ênfase na construção coletiva.
Os
pais são grandes aliados dos que estão empenhados na construção da nova escola
brasileira. NÃO ESTAMOS SOZINHOS
E TEMOS MUITO A APRENDER E ENSINAR. Ainda tenho muito a dizer... minha indignação é imensurável.
Regina Coeli Furtado
Câmara. Psicopedagoga e Coordenadora Pedagógica em Fortaleza.
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