Tenho dificuldade em aceitar
essa colocação. Ela me incomoda. Afinal, normal como? E as outras são anormais?
Está certo rotular alguém de normal ou anormal? Em que circunstância foi dado
esse conceito? Afinal, qual o modelo de criança que passou na nossa mente
quando definimos ser ela normal ou anormal?
Analisemos
agora alguns casos de julgamento de determinadas crianças. Algumas
delas desejavam conhecer Jesus. Os discípulos proibiram. Para eles isso seria
anormal, afinal criança, naquele tempo, não tinha nenhum valor. Criança normal
não tentaria isso. Jesus percebeu a situação, repreendeu os discípulos e disse:
”deixai vir a mim as criancinha”. (Marcos 10:14)
No
episódio do “Titanic”, o filme expõe uma jovem rebelde que desde
criança fora criada com regras rígidas. Ela nunca podia ser ela mesma. Para a
elite da época, criança normal era a que se submetia às posturas sociais
reinantes. As demais seriam anormais. Deu no que deu.
Recentemente,
em
um condomínio, um senhor ficou
incomodado com a brincadeira das crianças no pátio livre e falou, aos gritos:
“deixem de fazer barulho, subam e vão brincar no computador, como as crianças
normais”. Tenho dificuldade de comentar essa afirmação.
Vejo
claramente que boa parte dos educadores tem dificuldade de educar
as crianças. Ora, as endeusam e elas ficam soberanas, ou as submetem a regras
absurdas. Dois extremos. Sem limites ou com limites exagerados, ou não
explicados, não dá! Fica difícil educar uma criança dentro desses dois padrões.
Afinal,
quando uma criança é normal? Sempre! É assim que pensa o grande
educador Lauro de Oliveira Lima. É dele essa preciosidade; “as crianças não erram; cada manifestação sua revela um nível de
desenvolvimento.” Portanto, é normal essa ou aquela atitude da criança.
Isso não quer dizer que fechemos os olhos diante de atitudes prejudiciais ao
grupo ou a ela mesma. A correção deve ser de imediato. Senão ela seguirá
normalmente agressiva, embirrenta, mentirosa ou sem compromisso. Em vez disso,
podemos torná-la normalmente educada, sincera e entendendo os compromissos com
a vida e com os demais. Essa urgência é bíblica: “Ensinai as criancinha no
caminho que devem andar e ainda quando envelhecerem não se desviarão dele”.
(Provérbios 22:6).
José Milton de Cerqueira
Educador e Advogado
jmcblogger@gmail.com
*Publicado no caderno "Jornal do Leitor" de O POVO (22/01/2013)
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